Está a maior polêmica na cidade por causa de um novo cargo criado pelos nobres vereadores e o poder executivo municipal: o cargo de Ouvidor!
O salário realmente muito bom, a nível de Zona da Mata, é o principal argumento das rodas de bate papo ou nos papos dentro de um quatro rodas.
Quem não gostaria de na atual conjuntura, apertura e amargura, passar a receber todo mês, durante os próximos dois anos, a modesta quantia de R$ Quase 5 mil, com direito a dois assessores, secretária, moto boy, sala com ar condicionado, banheiro, cafezinho, água mineral, móveis confortáveis em local privilegiado além de outras vantagens empregatícias?
Tudo bem, o Brasil tá precisando é disso mesmo: criação de novos postos de trabalho, aumento da renda e crescimento econômico, só que ninguém falou como deve ser o candidato, seus atributos, suas qualidades e sua formação.
Se fossemos escolher o distinto interessado pelo nome do cargo, poderíamos avalia-lo da seguinte forma:
• Os interessados deverão ter pelo menos uma orelha (não precisa ser orêiudo);
• Escutar pelo menos de um lado;
• Ouvir tudo sem reclamar;
• Não usar fone enquanto o contribuinte estivar falando, nem tampão, nem escutar conversas paralelas durante a entrevista;
Pela sua formação acadêmica seria:
• Saber ler e escrever;
• Saber fazer as operações aritméticas básicas;
• Falar a nossa língua;
• Entender as frases e as palavras emitidas pelo contribuinte;
• Saber o significado de algumas palavras-chave tais como: poste, calçamento, lixo, esgoto, barranco, fedentina, ponto de ônibus, asfalto, parquinho, campo de pelada, quadra, posto de saúde, bueiro entupido, cano d’água, lamaçal, SPM, orelhão, vale transporte, remédio, internação e outras (vide O Manual do Ouvidor do escritor Yuri Nol Bário);
• Saber assinar o nome por extenso e rubrica.
O desempate entre os candidatos poderia se dar se:
• O candidato toma banho todo dia;
• Sabe ser educado. Exemplo: bom dia, boa tarde, até logo, como vai?, etc.;
• Escova os dentes;
• Aperta a descarga após a utilização;
• Esteja sóbrio;
• Coma de boca fechada;
• Ande vestido;
• Não coma no escritório. Nem a secretária;
• Não desapareça durante o horário do expediente.
Portanto senhores, a partir daí, acho que teremos um bom ouvidor, com todas as qualidades necessárias para desempenhar bem o papel para o qual foi escolhido.
O problema maior é que se o ouvidor não for um bom “convencedor”, ou seja, convencer e conseguir junto à prefeitura o máximo de solicitações aprovadas, vamos ter que criar um novo cargo, porém sem remuneração: o de Surdo!
Amílcar não quer ouvir mais nada!