Com
tanta tragédia acontecendo nesse começo de 2019 que nem dá vontade
de escrever o quer que seja.
A
imprensa geral, como sempre, procura noticiar tudo a toda hora e a
preferência são as notícias de impacto e as mais impactantes são
as que causam o maior índice de comoção pública.
Quem
poderia imaginar que depois da lambança da Vale, em Mariana, o crime
ambiental mais horroroso que eu já tinha visto, a morte do Rio Doce,
que tive o privilegio de conhecer numa viagem meio riponga, nos anos
70 com uma galera de malucos, por conta das estrepolias, de BH pra
Vitória (Vitória-Minas), com 19h de duração, sempre beirando o
belíssimo Rio Doce… Agora em Brumadinho, cidade famosa pelo
Inhotim e a incrível Serra da Mantiqueira…
Achei
melhor parar por aqui e mudar radicalmente de assunto, apesar de
algumas notícias boas como: a renuncia e derrota da cangaceiro Renan
mais o pente fino da receita sobre o que resta da cabeleira do Beiçola.
Com
várias tragédias, em sequência avassaladora, ainda temos a morte do
Ricardo Boechat, esse caboclo fora de série que acompanho desde os
tempos da Coluna do Ibrahim Sued. Putcha qui los paros!!!
Bem
que tal falarmos de comida, de gastronomia, de guloseimas, bebidas e
harmonizações?
Já
que lembrei dos anos setenta, era de ouro do rock progressivo, muita
gente naqueles idos já sonhava em partir pro meio do mato, construir
uma pousada e viver pertinho da natureza. Várias pessoas fizeram
isso e os mais organizados hoje em dia estão estabelecidos,
influenciando toda uma geração.
Nos tempos atuais temos pousadas pra todo canto, principalmente em cidades
históricas, próximas a cachoeiras, em reservas ecológicas ou locais de puro charme.
No
embalo das pousadas surgiram os restaurantes que também viraram
febre nacional. Tem comida de todo tipo e sabor, sendo que algumas
são verdadeiros banquetes dos deuses, porém tem muita picaretagem
maquiada também.
Reparem
como houve uma proliferação de chef’s pra todo lado. O cara acha
que vestir um avental branco e aquele chapéu de mestre cuca (toque
blanch), que surgiu na França durante a Idade Média, pode sair
misturando doce com salgado de qualquer maneira, com redução de
qualquer coisa salpicada de alho poró, etc., e daí se auto
intitulando o mais novo “master chef” do pedaço.
Aliás
naquela época o cozinheiro chefe era tão importante, na corte, que
recebia o nome de officiel
de bouche ou
oficial de boca.
Pois
bem, realmente alguns cozinheiros podem ser considerados chef’s, só
que a grande maioria acha que pode sair fazendo misturebas
contemporâneas e que todo mundo vai adorar seus pratos. Nada disso!
Um caboclo pra ser bom de cozinha tem que aprender o BEABÁ da
cozinha, tem que saber fazer um excelente café, saber fritar ovo, um arroz, um feijão, um filet na chapa… Aí sim o cara pode
começar a tentar fazer coisas mais apuradas, molhos complexos,
massas e
frutos do mar, por exemplo.
Agradar
o paladar de todo mundo não é tarefa pra qualquer um, o problema é
que atualmente tem “chef” que acredita que o cidadão é
obrigado a reverenciar qualquer coisa que sai da sua cozinha. Alto lá
Claude Troigrós! Né bem assim não filim! E o pior: ainda mete a mão na
conta!
Tenho
visto alguns filmes sobre cozinhas estreladas e realmente o sujeito
pra conseguir uma mísera estrela do Guia
Michelin tem que ser phoda. Tem que ir ao mercado escolher
pessoalmente as verduras, os legumes, os peixes. Depois tem saber
limpá-los e prepará-los. Os temperos e molhos não são coisas pra
amadores.
A
mídia as vezes promove uns cozinheiros medianos em verdadeiros
mestres da gastronomia. Gororoba eu mesmo faço! Tudo bem. Eu prefiro ver pra crer. Um bom
chef não precisa ser famoso, dar entrevista em revista gourmet a todo momento, precisa fazer o básico diferenciado e
bem feito, inclusive uma bela sobremesa…
E
o mais importante de tudo: que a conta não seja salgada!