quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

O Gastrônomo


Com tanta tragédia acontecendo nesse começo de 2019 que nem dá vontade de escrever o quer que seja.
A imprensa geral, como sempre, procura noticiar tudo a toda hora e a preferência são as notícias de impacto e as mais impactantes são as que causam o maior índice de comoção pública.
Quem poderia imaginar que depois da lambança da Vale, em Mariana, o crime ambiental mais horroroso que eu já tinha visto, a morte do Rio Doce, que tive o privilegio de conhecer numa viagem meio riponga, nos anos 70 com uma galera de malucos, por conta das estrepolias, de BH pra Vitória (Vitória-Minas), com 19h de duração, sempre beirando o belíssimo Rio Doce… Agora em Brumadinho, cidade famosa pelo Inhotim e a incrível Serra da Mantiqueira…
Achei melhor parar por aqui e mudar radicalmente de assunto, apesar de algumas notícias boas como: a renuncia e derrota da cangaceiro Renan mais o pente fino da receita sobre o que resta da cabeleira do Beiçola.
Com várias tragédias, em sequência avassaladora, ainda temos a morte do Ricardo Boechat, esse caboclo fora de série que acompanho desde os tempos da Coluna do Ibrahim Sued. Putcha qui los paros!!!
Bem que tal falarmos de comida, de gastronomia, de guloseimas, bebidas e harmonizações?
Já que lembrei dos anos setenta, era de ouro do rock progressivo, muita gente naqueles idos já sonhava em partir pro meio do mato, construir uma pousada e viver pertinho da natureza. Várias pessoas fizeram isso e os mais organizados hoje em dia estão estabelecidos, influenciando toda uma geração.
Nos tempos atuais temos pousadas pra todo canto, principalmente em cidades históricas, próximas a cachoeiras, em reservas ecológicas ou locais de puro charme.
No embalo das pousadas surgiram os restaurantes que também viraram febre nacional. Tem comida de todo tipo e sabor, sendo que algumas são verdadeiros banquetes dos deuses, porém tem muita picaretagem maquiada também.
Reparem como houve uma proliferação de chef’s pra todo lado. O cara acha que vestir um avental branco e aquele chapéu de mestre cuca (toque blanch), que surgiu na França durante a Idade Média, pode sair misturando doce com salgado de qualquer maneira, com redução de qualquer coisa salpicada de alho poró, etc., e daí se auto intitulando o mais novo “master chef” do pedaço.
Aliás naquela época o cozinheiro chefe era tão importante, na corte, que recebia o nome de officiel de bouche ou oficial de boca.
Pois bem, realmente alguns cozinheiros podem ser considerados chef’s, só que a grande maioria acha que pode sair fazendo misturebas contemporâneas e que todo mundo vai adorar seus pratos. Nada disso! Um caboclo pra ser bom de cozinha tem que aprender o BEABÁ da cozinha, tem que saber fazer um excelente café, saber fritar ovo, um arroz, um feijão, um filet na chapa… Aí sim o cara pode começar a tentar fazer coisas mais apuradas, molhos complexos, massas e frutos do mar, por exemplo.
Agradar o paladar de todo mundo não é tarefa pra qualquer um, o problema é que atualmente tem “chef” que acredita  que o cidadão é obrigado a reverenciar qualquer coisa que sai da sua cozinha. Alto lá Claude Troigrós! Né bem assim não filim! E o pior: ainda mete a mão na conta!
Tenho visto alguns filmes sobre cozinhas estreladas e realmente o sujeito pra conseguir uma mísera estrela do Guia Michelin tem que ser phoda. Tem que ir ao mercado escolher pessoalmente as verduras, os legumes, os peixes. Depois tem saber limpá-los e prepará-los. Os temperos e molhos não são coisas pra amadores.
A mídia as vezes promove uns cozinheiros medianos em verdadeiros mestres da gastronomia. Gororoba eu mesmo faço! Tudo bem. Eu prefiro ver pra crer. Um bom chef não precisa ser famoso, dar entrevista em revista gourmet a todo momento, precisa fazer o básico diferenciado e bem feito, inclusive uma bela sobremesa…
E o mais importante de tudo: que a conta não seja salgada!

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sacadinha do pum