No final do ano passado, em momentos de
reflexão que a grande maioria das pessoas faz nesse período, disse que gostaria
de fazer várias coisas ou prometi que faria, nesse ano.
Dentre essas “promessas” as mais
complicadas de cumprir, acredito, vão continuar sendo promessas: aumentar
substancialmente os meus ganhos financeiros e reduzir progressivamente o número
de desafetos!
Dizem que quem trabalha não tem tempo pra
ganhar dinheiro. Eu já tenho certeza que pra ganhar e juntar dinheiro a pessoa
tem que ter duas coisas em mente: Primeiro - Ganhar dinheiro de alguma forma, trabalhando,
por exemplo. Emprestando dinheiro, se elegendo deputado estadual ou federal,
ganhando nas centenas de loterias da Caixa (jogo do bicho, caça níqueis e
cassinos não podem) ou recebendo uma polpuda herança...
Segundo: Pare de gastar. Ande a pé e
venda o carro. Faça meia sola nos sapatos e tênis, apague as luzes, TV por
assinatura só aquela clandestina, faça um “gato” nas ligações de água e
energia, reaproveite as roupas, beba apenas água, pegue carona, evite
cartórios, reaproveite o fio dental e o lado oposto do papel higiênico, etc.
Vejam vocês que não é tão difícil juntar
dinheiro, basta força de vontade e um pouquinho de pão durismo!
O que vem me preocupando, nesses últimos 62
anos, são os desafetos, ao invés de diminuírem em quantidade e qualidade, estão
aumentando de forma desproporcional aos meus anseios...
A quantidade de desafetos, que obtive até
hoje, foi conseguida ao longo dos anos e a grande maioria foi de forma
involuntária ou inusitada. Afinal eu não sou um produtor de desafetos ou de
pessoas que preferem se aborrecer pra sempre comigo sem ao menos me dar a
chance de mostrar-lhes que estou sempre certo, mesmo que em algumas situações
eu não tenha tanta certeza disso.
Minha formação profissional, meu tamanho
e a genética de família contribuem muito para que meus desafetos, antes de me
conhecerem, já terem uma ideia quase
equivocada a meu respeito.
Me formei em engenharia, depois de muita
luta e insistência do Sr. Amilcar e de Dona Zélia, meus pais, já que fui
considerado um caso perdido durante o período estudantil. Não por ser tapado,
mas por ser irresponsavelmente intolerável dentro de uma sala de aula...
Inclusive, alguns professores são desafetos, até hoje, por conta desse período rebelde.
A formação profissional é fundamental pra
qualquer pessoa e insere no caboclo regras de convívio muito obvias, mas que
nem todos estão dispostos a segui-las, por exemplo na minha área de atuação: a
calçada é pública não pode ser obstruída, nem utilizada de forma contrária ao
transeunte, nem desalinhada; os cursos d’água, mesmo poluídos, não podem ser
adulterados, alterados, edificados ou ocupados; as vias públicas não podem ser
ocupadas por cobertas, por fast foods, para expor mercadorias, pra lavar
automóveis ou vagas exclusivas; fogueiras e fumaças com queima de lixo de
quintal.
Atualmente a regra de convívio pacifico
que mais vem sendo quebrada é a da produção de ruído de péssima qualidade a
partir do chamado “som automotivo”.
Meus desafetos principais, acredito,
surgiram dessas observações. Basta sair na rua e tudo isso aparecer na sua
frente como as falcatruas do Temer e sua base, mais o PT e seus militantes
aparecem todo santo dia nos jornais e revistas, aprontando e quebrando regras
triviais do bom convívio...
Muita gente (leia-se pouca) que ainda não
se tornou desafeto e por isso mesmo tem grande potencial para sê-lo, já me
falou: - Liga não pro cheiro de gordura
que emana do trailer em frente.
-
Deixa o cara guardar o caminhão de brita, de tijolo e de saibro na calçada. É
só por alguns meses...
-
Finja que ainda são 7 da noite, agora as 2 da madruga e não escute esse funk
lindo a 300 decibéis que entra dentro do seu cérebro como uma música de
ninar...
-
Pra que se preocupar com essas construções sobre os cursos d’água, afinal tá
todo mundo construindo, né mesmo?
Bem e por aí vai. São inúmeras interferências
na sua área de convívio que nem dá pra reclamar das calçadas com rampas sem os
devidos 8,33% de acessibilidade, quando na verdade as lojas é que teriam de se
adaptar.
Nisso, meus desafetos antigos foram
recrudescidos e vários novos vêm surgindo em profusão exponencial, inclusive
escrevendo e expondo essas observações tenho certeza de novos adeptos. Tô pensando
em criar um grupo de seguidores que provavelmente não vão me seguir: serão
desafetos!
Dessa forma, já confirmado como idoso e
sem conseguir diminuir a quantidade de pessoas que não me toleram e vice-versa,
vou tentar melhorar a qualidade desses indivíduos, do meu ponto de vista, é
claro, não aceitando qualquer um!
Não me venhas querer dizer que não me
tolera, que me acha um bostão, que adora denegrir a minha imagem, tentando a
adesão de qualquer “zémané”.
Não aceito!
O candidato tem que ter pedigree, ter
tradição, ter feito algo de útil, ganhar a vida honestamente e principalmente evitar
ler essas crônicas!!!
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