Quando essa moda de funk surgiu no Brasil
com o Bonde do Tigrão ninguém poderia supor que um som tão bizarro e pobre de
melodia e poesia pudesse vingar...
Logo depois um outro ruído com mensagens
claras dos traficantes das favelas e complexos do Rio profetizou: “Tá tudo
dominado...”
Enquanto se resumia ao Rio de Janeiro e
sua periferia, esse monstrengo não causava nenhum dano ou dor de cabeça pra
ninguém. O problema é que alguém resolveu divulgar essa porcaria ensurdecedora
através de super potentes sistemas de auto falantes instalados em veículos
automotores: kombis, fuscas, corcéis, opalas, maveriks, gordinis e outros...
Até aí tudo bem, só que a onda veio de
encontro com a vontade de pessoas que ainda não tiveram seus 15 minutos de fama
(como diria Andy Warhol), juntando a fome com a vontade de aparecer (como diria
Bário da Mídia).
Dentro dessa galera os que mais se
destacam são os incríveis e protegidos “filhinhos de papai”. Caminhonetaças automáticas,
com tração nas quatro e mega quilowatts de ruído em todas as frequências e direções conhecidas pelos ouvidos
existentes.
A febre que se alastra a cada ano mostra
assim como a dengue, o lulopetismo e o consumo de drogas pesadas, a pobreza
mental reinante no país melhor do mundo em coisas ruins...
Os bons costumes não existem mais e as
cidades vem sendo sufocadas de barulho altamente poluente, emburrecente e sem
critério.
Alguém mais sensato do que eu vira de
frente pra mim e indaga: Você não foi
jovem? Tambem não gostava de aparecer?
Claro que todos nós, mais idosos (estou
com 61 anos), já fomos jovens, rebeldes e barulhentos, porém meus pais (que
também foram jovens) sempre me ensinavam e cobravam sobre os bons costumes: respeite os mais velhos, olha a lei do
silêncio, etc.
O ruído, dessas verdadeiras maquinas de
som, é tão absurdo e ensurdecedor, que as pessoas dentro de suas casas, com
tudo fechado e tampões nos ouvidos, ficam paralisadas sentindo os vidros
tilintarem, as telhas se deslocarem e as paredes tremendo.
Andei reclamando com a polícia e até
com a promotoria e o máximo que consegui foi mais desafetos. Desafetos que já
me agrediram verbalmente no anonimato. Alguém me disse que foi um tal de “tamanduá”. Outros me fuzilaram nas
redes soviéticas, digo sociais, me aconselhado: “quem mandou morar na praça???” Pra quem não sabe eu nasci na praça
e hoje está dominada pelo comércio de bebidas, entretenimento, som de pasto e
outras coisitas...
As vezes a polícia aparece, dá uma dura,
pede, solicita e a coisa se acalma...porém logo vem outro reluzente e
turbinado automático do papai, soltando giga hertz a mais de mil e o volume
envolve a tudo. Casas, apartamentos, lojas, escritórios, igrejas, hospitais,
berços, canis, apiários e galinheiros, como uma manta magnetizada por ondas
curtas, médias e ruidosas.
Nisso vou pro quintal e tento me esconder,
porém não existe esconderijo onde eu possa pelo menos assistir TV ou falar ao
telefone. Dormir então é terminantemente proibido, principalmente porque o
futuro surdo com labirintite não tem noção se são 22h ou 2h da madrugada.
Vejo que algumas cidades como Juiz de
Fora, a coisa vem mudando, pois movimentos de moradores sem som sem motivo
algum, estão se movimentando e conseguindo sumir com esse baile de favela mal
frequentado.
Já pensei até em me mudar, vender a casa
que um dia foi de meus pais. Agora estou tentado a instalar um puta som no meu carango e ligar
debaixo da janela desses energúmenos na hora que estiverem dormindo. Vou contra
atacar com o mesmo remédio...Logicamente que serei execrado por estar fazendo
barulho as 9h da manhã...
A falta respeito instalada no Brasil, onde
o exemplo vem de cima com o desmando nos poderes máximos da república, é a réplica
nas pequenas comunidades. Falta pulso forte.
Hoje em dia qualquer minoria fala grosso
e muito alto...tá difícil de acabar...
Engraçado nessa história é que existem
leis no código de transito proibindo duas coisas básicas nesse assunto, mas ninguém
respeita: som automotivo e dirigir após
ingerir bebida alcoolica!!!
Outro grave problema pro Brasil será na
saúde pública, pois assim como a falta de saneamento básico desencadeou essas
epidemias de mosquito, a vigilância sanitária deveria começar a intervir nessas
maquinas de barulho antes que o numero de jovens surdos aumentem ainda mais as deficiências
da previdência e do SUS (só uns surdos).
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