quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O Rodízio



Diz a lenda que o primeiro rodízio de carnes surgiu na década de 60 no município de Jacupiranga, cidade de São Paulo, situada as margens da BR Régis Bitencourt ou BR 116, mais precisamente na Churrascaria 477.
Conta o antigo proprietário, que tudo começou depois de uma confusão “armada” por um garçom inexperiente. Esse garçom trocou os pedidos de carne de várias mesas. Onde era picanha mandou linguiça, onde era pepino mandou nabo, onde era cupim mandou capivara e por ai afora... Foi quando então o Sr. Albino Ongaratto (não confundir com meu amigo Albano), pra tentar consertar o “estrago”, resolveu servir novamente os fregueses reclamantes com seus pedidos originais... pra ninguém reclamar cobrou preço único... Estava inventado o famoso rodízio de carnes!
Porém há controvérsias, visto que, na Idade da Pedra os trogloditas também já consumiam muita proteína, carnes vermelhas, colesterol e na base da porrada escolhiam as melhores partes das caças do dia... eram conhecidos como Homoespetus ou vulgarmente: spetuscurridus!!!
Na Idade Média, durante a peste negra, que dizimou mais gente que o Petrolão (!), ninguém comia mais ninguém com medo da peste. O jeito era partir pra outros feudos pra comer carne e outros comestíveis longe da epidemia... daí surgiu a expressão: Cabra da Peste!!!
Acontece que nos dias atuais tudo virou rodízio, principalmente no Brazil e demais países do 3º mundo.
Rodízio de pizza, rodizio de massas, rodízio de sorvetes, rodízio de japa, rodízio de pneus, de carros, de abastecimento de água, rodízio de buchada de bode, de comida mineira, de feijoada, de vadia, digo, de vaca atolada, rodízio de parceira, rodízio de comida self service a quilo e até rodízio de necessidade fisiológica fecal (proposto por mim há alguns anos atrás pra evitar a poluição total do cursos d’água)... Nesse ínterim surgiu até um slogan: “Evite defecar todo dia. O governo e o congresso já o fazem diuturnamente!!!” Ou : Defeque um dia sim e o outro não. Deixe a cagada diária para o governo federal, estadual, municipal distrital ou vicinal.
Voltando ao rodízio vejo que estamos vivendo uma nova era, uma nova etapa da vida na Terra. Por isso venho propor outro tipo de rodízio, o rodízio de políticos e suas regras!
Regra numero 1: Cada político só poderá exercer um mandato de 5 anos.
Regra numero 2: Após eleito não poderá mudar de partido. Mesmo se for do PT.
 Regra numero 3: Senadores, deputados e vereadores não podem aumentar seus salários e nem inventar bolsa auxílio de tudo.
Regra numero 4: O futuro presidente da república não poderá ser do PT nem da base aliada.
Regra numero 5: Só poderão ocupar cargos em estatais funcionários de carreira e concursados.
Regra numero 6: O voto não será obrigatório.
Regra numero 6½: Não haverá mais horário gratuito eleitoral.
Regra numero 7: É expressamente proibida a divulgação de fotos dos candidatos durante a campanha eleitoral;
 Regra numero 8: Todo politico terá de bater ponto na entrada e na saída, com biometria.
Regra numero 8½: O eleito terá direito a 30 dias de férias anuais. Essa regra deverá ser estendida para o poder judiciário imediatamente;
Regra numero 9: O presidente da república só poderá viajar para o exterior, por qualquer motivo, se estiver fazendo o dever de casa corretamente;
 Regra numero 10: O presidente só poderá inaugurar obras que estejam concluídas, funcionando e quitadas;
Bem, dessa forma, acredito que boa parte desses malandros que hoje fazem o que querem com a ética, com o tesouro nacional, com os bons costumes, a gasolina e seus derivados e com a paciência de todos os trabalhadores desse imenso país do pré-sal, não vão mais se aventurar e enriquecer com apropriações indébitas.
Aproveitando o papo de rodízio gostaria de propor um rodízio com a turma do som automotivo sem motivo algum: só ligar o ruído de 20 em 20 anos... * Oh glória!
Nessas alturas do século XXI só me resta uma saída: - Garçom trás uma alcatra primeiro corte ao ponto, por favor!!!

Amilcar faz rodízio de crônicas.

Nota do autor: * Ou onde eu não

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Sessentão



Nunca pude imaginar que algum dia eu chegaria aos sessenta anos de idade!

Minha patroa logo falou: - Vai poder entrar na fila dos idosos, estacionamento p/ idosos, senha preferencial nos bancos, na loteca. Assento diferenciado em ônibus coletivo, etc.

Fico imaginando como o mundo mudou nesse intervalo da minha existência. Da minha caminhada pela vida. Pelas etapas dessa louca jornada, que passa em menos de um segundo na minha cabeça.

Consigo enxergar parte da infância, da adolescência, da juventude até os dias de hoje num piscar de olhos...

Sempre fui meio brincalhão e espirituoso. Nas salas de aula adorava sentar no fundo e zoar com os professores... alguns aceitavam outros nem tanto.

Quando se chega aos sessenta você começa a se referir a coisas do passado cada vez com mais frequência. As lembranças me parecem ser as coisas mais importantes dessa vida. Tanto as boas quanto as ruins.

Antigamente quando passei da fase “moleque de rua” pra fase das namoradas era muito diferente de hoje. Quem pegava na mão da mina (gíria da época) era considerado o maior garanhão do pedaço... hoje em dia a moçada só pega na mão depois que já fez de tudo...com a mina...

O melhor evento, nos idos de 73 (parafraseando Marcelo Nova do Camisa de Vênus), era o baile, o Hi Fi, também conhecido como “engoma cueca”. Depois veio a fase cursinho pra vestibular. Pra mim a melhor das fases, apesar da falta de grana.

Muita festa, muita paquera (gíria) e descompromisso total com a realidade... Nessa etapa alguns tabus e preconceitos como: os amassos além do portão, as quebradas e outros comportamentos estavam sendo desbravados.

Depois a fase adulta... Sair de casa... ter a própria casa...responsabilidades que vão te afastando da juventude e te levando pra outras paradas nunca antes imaginadas.

Trinta, Quarenta, Cinquenta e quando você menos espera já tá falando como um “coroa”, agindo como um senhor... atitudes que antes eu abominava...achava careta ou “fora-de-moda”, agora fazem parte do meu cotidiano.

Trabalhar, pagar as contas, criar os filhos, cuidar da casa, acordar mais cedo, pensar no futuro, na saúde...

Antigamente era pensar no presente, não tinha contas, a casa era a dos pais, acordar na hora que alguém te acordava e trabalho era estudar...

Estou me sentindo bem aos sessenta! Acho que do jeito que as coisas vão tenho chances de ir mais longe... Como diria Millôr : “O importante é morrer com saúde!”

Falar em morte então eu nunca falei. De uns tempos pra cá esse assunto já faz parte das conversas que tenho com meus senhores amigos da mesma geração. Claro que falar de rock continua dominando, de mulheres também (das nossas e dos outros), meter o pau na Dilma... Aliás como diria o profeta Bário das Quebradas: “Ninguém é de ninguém!”.

Uma das coisas boas que fiz nessa vida além de constituir minha família, ter minha casa e meu trabalho, por incrível que pareça foi fumar. Fumar e depois conseguir parar. Fumei muito. Andava com pacotes de Carlton debaixo do banco do carro... passados 28 anos enfumaçados, parei e não ligo mais pro cigarro, apesar de apreciar um de palha, um havana, etc.

Essa parada me deu uma sobrevida, já que não sou do tipo sarado e nem moderado, apesar da hipertensão, da glicose meio alterada e dos vários desafetos conquistados nesse periodo... já fui considerado obeso...hoje estou meio sedentário e meio no sobre peso. Mas afinal quem resiste um torresminho, quer dizer: uns torresminhos???

Tô segurando na cerveja, porém no vinho mando bem. Parei com a neura de só tomar três tipos de bebidas (importadas, nacionais e outras) e tento ficar sóbrio ou sem beber mais dias na semana.

O trabalho aumentou muito. Também já se vão 35 anos de engenharia sem nunca largar. Sou engenheiro pleno! Gosto da engenharia e acredito ter feito muita coisa nesses anos todos. Acho que isso é realização...

Alguém disse que o homem deve se preocupar em realizar três coisas: Ter filhos, plantar uma árvore e escrever um livro... acrescento mais uma coisa: conhecer lugares...

Sessentão e quase chegando lá... falta um livro...escrevi mais de 300 crônicas e artigos até aqui...acho que já posso pensar num livro. Alguém se habilita a editar?  





Amilcar ainda é o mesmo!

sacadinha do pum