sexta-feira, 25 de março de 2022

a primeira vez a gente nunca esquece!

Entrei num avião pela primeira vez quando fui de BH (aeroporto da Pampulha) pra Montes Claros. Era um boeing da Varig e eu marinheiro iniciante, trabalhava no CETEC (Fundação Centro Tecnológico de MG), como engenheiro do extinto BNH (Banco Nacional de Habitação) fiscalizando obras de saneamento no Norte de Minas.
A sensação de estar flutuando acima das nuvens e depois ao aterrissar não dá pra descrever. O coração acelera e a adrenalina toma conta!
Era 1981 e de repente com pouco tempo de formado eu estaria além do voo conhecendo cidades maravilhosas de Minas situadas numa região oposta a minha, a Zona da Mata.
Cidades como Mirabela (terra da carne de sol), São Francisco (na beira do Rio), Brasília de Minas, Januária (atravessando de balsa), Itacarambi, Manga (balsa novamente), Espinosa (no cocuruto do estado divisa com a Bahia), Monte Azul, Porteirinha e Janaúba...tudo estrada de chão... cada retão de perder de vista!!!
Lá naquelas bandas é tudo plano, é plantação de algodão e pastos bem cuidados abarrotados de gado nelore branquinho. Muitas carvoeiras também e a comida sensacional.
Fiz esse trajeto por 13 vezes e sempre dormia em Montes Claros na primeira e na ultima noite. Logicamente o almoço era na "Cantina do Nelson" que servia uma moqueca de surubim com camarões generosos e uma salada magnifica. Claro, regada a Antártica de Pirapora e como ninguem é de ferro uma ou duas talagadas de Havana ou Lua Cheia de Salinas.
A segunda parada era em Januária. Beirada do Rio São Francisco e hotel no centro histórico com casario igual ao de Ouro Preto. No calçadão, ao lado rio, arborizado, ficava o meu restaurante predileto e o hotel. A pedida era sempre a mesma: surubim grelhado na brasa e Antártica de Pirapora...O garçom nas ultimas visitas já me conhecia e trazia logo uma estupidamente gelada. O clima naquelas bandas pede (35º na sombra) e a primeira garrafa descia em segundos.
Meu serviço era conferir as medições das empreiteiras que executavam captações de água, estações de tratamento, reservatórios, elevatórias e redes de distribuição. Em algumas cidades também tinha obras de de esgotamento sanitário e de drenagem (águas pluviais). Nesse ínterim aprendi coisas que a escola de engenharia nem mencionava, além de conviver com verdadeiros "papas" da hidráulica e do saneamento básico do estado de Minas.
Dia seguinte Manga e Matias Cardoso (nessa localidade uma igreja majestosa em ruína lindíssima ainda resistia ao descaso), em pleno Vale do Jaíba, área irrigada e de altíssimo potencial do agronegócio.
Dali pegava uma estrada sem fim pra Espinosa com retas a sumir de vista, chão batido e pé no acelerador do fusca da empresa de apoio do BNH.
Dava pra rodar a 100km/h sem medo, só retonas, estrada larga e sem buracos.
De um lado terras indígenas, do outro "barrigudas" e nelores. Numa dessas vezes cheguei a "atolar" no pó da estrada...
Espinosa, na divisa com a Bahia era outra cidade a visitar e pra dormir. Geralmente eu jantava um bifão de nelore com fritas e depois apagava no hotel mesmo pensando no "barbeiro", mosquito (Trypanosoma Cruzi) transmissor da Doença de Chagas. Nesse tempo todos os dias um avião jogava  veneno BHC, veneno pra matar o mosquito (hoje esse veneno é proibido pois matava o mosquito e poluia as lavouras) e o cheiro ficava no ar por várias horas...
Dia seguinte: Monte Azul com seu monte azul lindo ao fundo, Porteirinha e Janaúba. Em Janúba a ultima dormida. Todo mundo de bicicleta pois a cidade é tão plana que o reservatório é um elevado que a gente vê de qualquer ponto do mapa. A comida ótima ou surubim ou nelore na chapa com farofa de dendê...show!
De novo em Montes Claros tempo livre o jeito é ir no mercado municipal. Produtos regionais de cair o queixo: pimenta malagueta, pinga de Salinas e carne de sol de Mirabela (cortes de nelore)...
Foi numa dessas que quase me dei mal. Comprei tudo que tinha direito enrolei a garrafa de pimenta malagueta na roupa suja e despachei no aeroporto.
Chegando em BH, fui pra esteira quando vejo um grupo de passageiros reclamando o cheiro de pimenta e malas sujas pra todo lado...Um absurdo!!! Chamem o responsável da Varig!!! Minha mala tá toda lambuzada...!!!
Sorrateiramente peguei minha bolsa, dei uma de esperto, saí reclamando, peguei o primeiro táxi e sumi dali.
Moral da história: Pimenta nos olhos dos outros é colírio!

quinta-feira, 3 de março de 2022

O Lixo

Sempre fui leitor do O Globo e telespectador da TV de mesmo nome até que notei que o negocio dos Marinho's sempre foi meramente mercantilista. 
Berço de grandes cronistas e articulistas essa mídia já abrigou figuras como Nelson Rodrigues que escrevia coisas como o Sobrenatural de Almeida (tricolor apaixonado) a Toda Nudez Será Castigada. Nessa época Pedro Almodóvar, cineasta espanhol espetacular (transforma pequenas e ingênuas situações em fantásticos filmes com desfechos surpreendentes), era garoto e no Brasil tínhamos o inesquecível e grande (mais de 1,90m de altura), ARNALDO JABOR!
Esse caboclo, que tive a felicidade de encontrar rapidamente no metrô do Rio na estação Jardim Oceânico (Barra da Tijuca) e trocar algumas palavras, transportou para o cinema de forma magistral vários contos e resenhas do Nelson Rodrigues.
Foi nesse filme que conheci a musica de Astor Piazzolla, Adiós Nonino. Logo depois catapultou a carreira da talentosa Fernanda Torres, apresentado-a em Cannes...
Daí em diante, Arnaldo além de outros filmes passou a ser escritor de cronicas, articulista e comentarista de telejornais. Show de bola: suas aparições com aquele olhar hipnotizante sempre foram certeiras. O nível do linguajar empregado por ele, onde a língua portuguesa era formulada de forma brilhante e contundente, me deixava estupefato.
Que facilidade, que cultura e sensatez!
Porém seu posicionamento político não agradava a mídia, o consórcio e logo o puseram em stand by...
Só que ele sempre foi independente, sempre teve opinião própria, assim como o Augusto Nunes (Jovem Pan) e o Guzzo (ex Veja) e continuou até o fim.
A esquerda sentiu-se aliviada com o seu falecimento, pois não sabia como retrucar uma mente tão lúcida e transparente que execrava a Venezuela, Cuba, Nicarágua e outros excrementos governados por ditadores ricos, escrotos e sanguinolentos.
Pois bem, hoje segundos após a pandemia (que parece estar com dias contados já que estão voltando a falar do Aedes), essa emissora, que perdeu muita audiência, que deve ao fisco e que gera fake news em escala cavalar, está sem assunto. A CPI da covid foi engolida pela falta de credibilidade de seus criadores fajutos (Renan, Azzis, Randolfe e outros dejetos), tentaram com artistas (dependentes da Rouanet), depoimentos forjados de militantes e ativistas do malfadado e carta marcada do STF, denegrir a imagem do Presidente Jair Messias Bolsonaro, só porque o Capitão é a favor de coisas boas para o Brasil, coisas boas pro povo trabalhador, melhorias várias dos entraves e custo Brasil e principalmente a estanqueidade da roubalheira e corrupção implantados pela facção criminosa, que vem detonando e sangrando o tesouro nacional. 
Esqueçam tudo. Agora vamos falar da guerra da Ucrânia, vamos falar da alta dos preços por causa da guerra, vamos falar mal do agronegócio (nossa maior riqueza), vamos mostrar as pesquisas mais que duvidosas da corrida presidencial.
Misture bem, coloque uns militantes articulados pra elucubrar conspirações internacionais, torne sensacional a falta do potássio Russo e bote a culpa no Mito...
Enquanto isso, o Molusco (analfabeto funcional) vai conseguindo na justiça o perdão jurídico dos crimes cometidos e comprovados de apropriação indébita de valores incalculáveis, surrupiados da nação.
Haja garis pra tanto lixo!


 

sacadinha do pum