segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A Viagem III = Paris e um banho de civilização

Muita gente fala em banho de civilização e a grande maioria acha que nos países ditos civilizados os nativos são educados com os outros, principalmente com turistas. Nada disso. Os franceses de Paris ou parisienses, são extremamente mal humorados e conseqüentemente mal educados, não gostam de turistas e não falam com quem não sabe francês ou inglês. Simplesmente ignoram.
Porem ir a Paris não quer dizer conhecer franceses e sim desfrutar de uma das cidades mais belas, bem equipadas e preservadas do globo terrestre.
As linhas de metrô (sub way) são maravilhosas e em todas as direções imagináveis, as estações são incríveis e cheias de surpresas como músicos se apresentando, mágicos e pessoas de tudo quanto é tribo.
Chegando a Paris no aeroporto Charles De Gaulle, logo notei que o padrão de vida era muito superior ao de Portugal e conseqüentemente do Brasil. Era outono e um vento frio já soprava o entardecer com o céu totalmente limpo...
O hotel, na região do Moulin Rouge, nos brindou na chegada com champagne e canapés. No meio do coquetel conheci um português que ganhava a vida numa Van, transportando brasileiros do hotel para uma das lojas de perfume mais completas que já conheci. Dezenas de atendentes em vários idiomas e prateleiras lotadas dos “parfum’s” mais incríveis como os Poison, Chanel, Paris, Fahrenheit, Picasso, etc.
Esse português me perguntou se eu queria comprar perfumes eu disse que sim porem na verdade gostaria de conhecer a Torre Eiffel em primeiro lugar. Ele me disse que pela manhã iria pegar clientes no hotel e que passaria em frente à Torre e me levaria com prazer.
Dito e feito no dia seguinte, após conhecer os arredores do hotel, a Place de Clichy onde se concentram as casas de shows, principalmente pornográficos com os artistas na vitrine te chamando: -Entre, venha me ver em ação... Lá estava eu e outros conhecidos, que não foram pra Bruxelas (tinha uma brecha no pacote pra quem quisesse passar um dia na Bélgica. Muito cansativo). Eu preferi ficar em Paris e conhecer melhor a cidade luz, esperando a van rumo a Torre Eiffel.
Impressionante! Indescritível! Aquela coisa de ferro com mais de 300 metros de altura, as margens do Rio Sena (recentemente despoluído. Idos de 1988), na nossa frente esperando pra ser escalada. Sem pensar muito comprei ingresso, bem caro como tudo em Paris e logo estava eu com centenas de turistas de tudo quanto é canto do mundo sendo a maioria alemã ou japonesa. O poder aquisitivo pesa é nessas horas.
A subida do primeiro trecho, ou seja, em um dos quatro pilares de sustentação é feita de elevador em plano inclinado (tipo o da Rua do Russel na Glória, acesso ao Mosteiro da Glória - RJ), é de tirar o fôlego e fica a sensação de estar andando de lado e pra cima. Desci no primeiro patamar totalmente boquiaberto olhando pra tudo quanto era lado. Imensas esquadrias de ferro , piso de ferro e a cidade linda a redor. Pensei em não voltar dali...Escadas em todas as direções, pequenas lojinhas de lembranças, maquete da torre, como foi construída, etc. Nisso olhei pra cima e procurei a forma de continuar subindo. Outro elevador. Verificaram se meu ingresso dava direito ao segundo round e lá fui de novo. Agora o frio na barriga é intenso e o frio começa a incomodar. O visual é deslumbrante pra todos os cantos. Champs Elysées, Arco do Triunfo, Quartier Latin, Georges Pompidou, Museo D’Orsay, Louvre, La Defense (parte nova de Paris), etc.
Faltava o ponto culminante e encarei. Cheguei no topo. O ar rarefeito e os ventos sopram forte. Chegar na extremidade parece estar voando, plainando sobre Paris. As horas foram passando e nem percebi que já estava há mais de três horas contemplando o Sena, a igreja de Sacrè Coeur, a Catedral de Notre Dame. Pensei, ainda tenho quatro dias na cidade...
As únicas fotos que tenho da viagem são uma em Portugal e a outra ao lado da Torre Eiffel, pois tinha comigo uma filmadora ligada direto, o tempo todo...
 

Amilcar foi anestesiado geral!





domingo, 19 de dezembro de 2010

A Viagem II – Lisboa


Chegamos em Lisboa num domingo pela manhã e fomos caminhar pelas imediações do hotel, logo depois de deixarmos as malas nos devidos quartos. Saímos em quatro como se fossemos velhos conhecidos. Um mineiro e três paulistas, Edson Eloy, Marcos Screpeliti e Walter, esse último um grande gozador que logo estava enturmado com a grande maioria dos excursionistas.
O domingo parece ser igual em qualquer parte e Lisboa apesar de ser a capital de Portugal também é idêntica as outras cidades, pouco movimento, o comércio fechado e as ruas desertas. Porem estávamos ali pra curtir tudo e as novidades eram crescentes à medida que andávamos: bondes daqueles antigos cheios de publicidade, de madeira com ferro, automóveis minúsculos, táxis (todos Mercedes modelo sedã antigo preto com o teto verde oliva) pra todo lado, paradas de ônibus urbano com todos os horários afixados, estações do metrô, etc. Lisboa assim como o Brasil engatinha em termos de metrô, principalmente se tratando de um país que estava prestes a entrar para a comunidade européia. O metrô de Lisboa era de apenas uma linha em forma de bumerangue e mais um pequeno trecho até a exuberante estação de trens.
Eu me identifiquei rapidamente com a cidade por ser parecida com Ouro Preto, porem moderna, conservada e naquela época efervescente. Portugal estava tentando entrar para o mercado comum europeu e tinha que mudar, tinha que crescer, obras urbanas e mudanças de comportamento teriam de ser implantados. A filosofia do mercado comum europeu é principalmente a qualidade de vida de seus habitantes e isso quer dizer: transporte coletivo de ótima qualidade, segurança, economia de mercado, grau de escolaridade, previdência para aposentados de bom nível, justiça rápida e justa, leis claras e regras estáveis tanto na política quanto na economia.
Chegamos a Praça Fernando II com canteiros formando um imenso labirinto que me lembrou no mesmo instante daquele filme com o Jack Nicholson, O Iluminado. Sentamos e ficamos apreciando a paisagem. Ao longe uma lua cheia, apesar de ainda estar claro já surgia num céu limpo, ao fundo o Rio Tejo com uma ponte pênsil imensa sobre ele (Ponte Vasco da Gama), me pareceu à ponte Rio Niterói, pelo tamanho e também pela altura.
Os casais usam e abusam dos gramados na Europa. Ocupam seus lugares e fazem verdadeiros piqueniques ou namoram de uma forma bem liberal e os guardas apenas observam de longe como que os protegendo.
No lado oposto da praça depois de alguns dias de Lisboa é que fui me situar, ficava a Rotunda, quer dizer um local onde várias avenidas desembocam, uma rotatória, sendo no meio a estátua do navegador fulano de tal.
Almoçamos e jantamos ao mesmo tempo perto da praça numa espécie de self service com roleta, porém uma comida comum tipo salada e bife.
Depois fomos ao Museu Guggenheim que por incrível que pareça estava fechado, justamente num domingo. Continuamos a caminhada de volta ao hotel. Combinamos de tomar um banho rápido e encontrar no saguão para sairmos de novo e então conhecer o que seria meu local predileto: antiga zona portuária de Lisboa, que começava a ser restaurada e ocupada novamente por bares e restaurantes: o Rocio...
Não me lembro bem mas acho que fomos de táxi e num instante estávamos na Rua do Comércio que lembra muito o Rio antigo, as ruas do centro do Rio com seus vários bares e restaurantes com mesas nas calçadas.
Restaurantes de frutos do mar com vitrines em aquários onde você escolhe a lagosta ou a sapateira (um caranguejo gigante). Os preços ainda muito aquém dos preços europeus, parecidos com os Rio ou mesmo de cidades a beira mar.
Preferimos um restaurante que tinha mesas nas calçadas, mais popular, porém sempre pensando em voltar num daqueles de lagostas.
O Eloy falando com sotaque pediu um vinho da casa ou nacional e uma entrada enquanto escolhíamos o prato principal. O clima de outono, frio pra nós, o céu limpo e chega uma cesta de pães, manteiga e queijo de cabra. Não dá pra explicar o nível do pão de tão saboroso e torrado, manteiga idem e o queijo esse eu nunca vi nada igual. Ele é meio duro por fora e quase um requeijão por dentro. De dar água na boca. Pedi outra porção antes do peixe grelhado com legumes (a Jardineira), também generoso e saboroso. Nisso passamos pro vinho branco, outra preciosidade e então eu já estava flutuando.
Nisso bate a saudade da terra, da família e dos amigos. Pensei no meu pai que sempre falava de Portugal e não teve essa oportunidade que eu estava tendo e era só o começo...
Essa viagem, além de turística, tinha também o propósito de um seminário no Laboratório de Nacional Engenharia Civil (LNEC). Seria uma semana de palestras e aulas sobre obras de escoamento de águas pluviais e de preservação das construções históricas nas grandes cidades.
O LNEC é um centro de estudos localizado na periferia de Lisboa, muito bem montado, com vários galpões e departamentos, numa área arborizada e bem protegida tipo um Campus Universitário, só que voltado pra pesquisas na área de engenharia, principalmente engenharia náutica.
O curso foi ministrado por professores aposentados, grandes nomes da engenharia e da arquitetura de Portugal, empolgados em passar para os irmãos brasileiros seus conhecimentos.
Os portugueses são exímios projetistas de barragens, eclusas e ancoradouros. Ficamos deslumbrados com a réplica do Rio Tejo em escala proporcional, desde sua nascente, seus afluentes e construções ribeirinhas...

Amilcar é gajo ora pois pois

sacadinha do pum