sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Na década de 70

Na década de 1970 passei os melhores momentos da vida! Comecei com 15 anos e terminei com 25 anos. O auge da saúde e das descobertas... 
Terminei o ginasial (no lendário Chico Peres - Bicas) e adentrei no mais lendário ainda 5 e 50 da Viação Santos (recém adquirida pela Bassamar), para cursar o que era chamado de "científico" em JF, no Colégio dos Jesuítas. 
A base adquirida no ginasial em Bicas mais o alto de grau de indisciplina desse que voz fala foi fundamental pra tomar dois paus e deixar meus pais com a pulga atrás da orelha: Será que esse menino tem concerto?
Então fui rematriculado no outro lendário Colégio São José, que também ficou conhecido como papai pagou filhinho passou (PPFP). Era tudo que eu precisava: só tirava notão, zoava sem parar e conheci várias figuras de JF e região, folclóricas e carismáticas que me viram e conviveram os mesmos sonhos dos anos 70.
O terceiro e ultimo ano do científico fui fazer na Academia de Comércio, quer dizer: rodei por alguns dos melhores colégios daquela época.
Nesse momento a melhor coisa era "azarar as minas", ou melhor: paquerar, namorar e pra isso no  intervalo ou recreio íamos de carro ver as garotas dos outros colégios: Stela, Granbery e Magister. 
O som predileto além dos Beatles era o rock inglês chamado progressivo. De altíssima qualidade é o que escuto muito até os dias atuais.
Muito magro, cabeludo e barbudo, atravessei uma fase meio bicho grilo com calça pata de elefante e chinelo de sola de caminhão, porém no científico integrado com cursinho e a mulherada que chovia no pedaço, fui adquirindo outra silhueta: calça Lee boca fina e camisa Hang Ten...
Lembro do dia que cheguei no CAVE com essa indumentária e a galera me observando de rabo de olho. Todo mundo era bicho grilo e cocota, a onda de calça boca fina chocou e a camisa hang ten ainda era um artigo só encontrada no Rio. 
Passei no tão sonhado vestibular, fui morar na capital (BH), conheci a minha futura esposa, me formei em 1980 e desfrutei de uma Belo Horizonte que ainda não era tão metrópole mas já era linda: Savassi, Carmo, Sion, Sta Tereza, Cidade Nova, Centro, Mercado Municipal, Mineirão com o Atlético de Reinaldo e Cerezo, Bar do Bolão, CTI na Savassi com o filé a moda do chefe (uma bola de filé recheada com queijo canastra), Alto da Mangabeiras, Gutierrez, Contagem, Betim, Pampulha, Praça Sete, Casa do Uísque, Angelo...
Nesse ínterim a vida vai passando, amigos vão ficando e as fases mais felizes voam e só agora é que a gente percebe.
De uma coisa eu levo disso tudo: faria tudo de novo com a mesma intensidade!
 

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

CALOUROS & VETERANOS

Na época dos vestibulares, o funil pra ingressar nas universidades, ocorreu nas décadas de 1960, 1970 e 1980 mais ou menos.
Os cursinhos proliferavam e quem não tinha condições de frequentar um era praticamente eliminado antes das provas.
Lembro que grandes cursinhos pré vestibulares eram capazes de "garimpar" escolas públicas atrás de gênios escolares (hoje nerds) e bancarem tudo pro caboclo de alto QI e tê-los entre os matriculados e catapultá-los para os primeiros lugares de Medicina, Engenharia ou Odonto, tempo que cursei o CAVE em JF, com um quadro de professores de altíssimo nível e conhecimento do assunto.
O curso de Direito não era tão procurado e hoje sabemos que é o mais bem remunerado...
A maratona em horas aula e carga de conhecimento vinha condensada em apostilas repletas de dicas e bizus, formas de decoreba e até como colar sem ser notado... 
Os pais faziam qq coisa para ver seu lindo rebento adentrar em uma universidade pública. Aquela candura de menino cabeludo, com rock na cabeça dia e noite e roupas desbotadas, iria pra outro patamar. Era como ganhar na loteria.
Passado o tão espremido vestibular quem passou passou quem ficou mais um ano de cursinho ou tentar alguma faculdade que tinha vestibular no meio do ano. Eu caí numa dessas quando fui fazer um tour, digo um vestibular em Ouro Preto, considerada uma das mais exigentes universidades do estado. Tirei de letra, uma semana de embalos e eliminado categoricamente. Ainda bem que meu pai estava de bom humor e sacou que tudo não passava de armação adolescente...
Finalmente consegui no ano seguinte e virei calouro, ou seja: eu era um ser meio perdido curtindo cada segundo da adolescência dos anos 1970 e agora ingressava finalmente na tão sonhada faculdade pra fazer sem teste vocacional o curso de ENgenharia Civil!
De cara você tem que se virar com a quantidade de documentos existentes no Brasil. Só não pediram o passaporte vacinal porque naquele momento a Rede Chorume de TV estava com os militares...
Nesse instante senti na pele o que era ser um calouro, ou seja: um bicho grilo na mão dos Veteranos!
O primeiro dia de aula era uma sacanagem sem fim. Éramos amontoados em um canto da faculdade, e convidados a fazer as mais variadas barbáries e humilhações sob os olhares vorazes dos antigos, que também haviam passado por isso. 
Cabelo pintado, picotado, roupas detonadas, descalço, arrumando dinheiro na rua pra pagar o chope dos veteranos e tudo sob a conivência dos diretores. Nessa época as brincadeiras eram mais saudáveis e a integridade física não sofria tanto.
O Brasil não sabia o que era esse sentimento de ódio criado pelo PT e seus aparelhados. As universidades já estavam abarrotadas de bichos grilos com a camisa de Che Guevara, porém essa tchurma só conseguia vaga em História, Filosofia, Comunicação e outras modalidades em que professores e alunos tinham o mesmo perfil: Idolatria por Karl Marx e "irc" de produção!
A partir daí, até os trotes foram sendo patrulhados por essa gente. O politicamente correto foi-se infiltrando na sociedade ate´chegar aos dias de hoje onde a mídia, assim como já previa George Orwell em 1948, iria monitorar todos através da TV e câmeras de vídeo espalhadas por todo o planeta! 
Passado meu período de calouro passei a ser veterano no ano seguinte, mas ainda recebia ordens de veteranos do terceiro, quarto e quinto anos. Virei um tipo Recruta Zero, só que sem a pecha de calouro bocó do primeiro ano.
Hoje tudo mudou, os trotes foram sendo terceirizados, violentos e estão proibidos em várias universidades. Uma lástima, era uma tradição, era aceitável, sem ódio e sem divisão entre ideologias!

sacadinha do pum