terça-feira, 6 de novembro de 2018

Praga


Viajar, acredito ser o sonho de consumo de grande parte da população, até daqueles que ainda acreditam nos partidos de esquerda do Brasil.

Eu faço parte da grande parte da população e nunca acreditei na esquerda muito festiva desse país.

Nasci com esse sonho de consumo, ou melhor: sonhar é de esquerda e consumir é da direita, é capitalismo puro. Quer dizer: sou um sonhador capitalista com dinheiro contado!!!

Praga é a capital da República Tcheca, ex Tchecoslováquia (antigo império Austro-Húngaro), que foi subdividida em 2 países: República Tcheca e Eslováquia.

Sem querer entrar no mérito do regime político, a motivação dessa divisão foi justamente pelo fato da atual República Tcheca, em revolução pacifica liderada por Václav Havel, preferir um mundo mais real, capitalista...

Bela escolha de uma cidade que, apesar de estar no fogo cruzado da 2ª Grande Guerra, passou ilesa não sofrendo destruição de sua magnifica e maravilhosa arquitetura.

Existem pacotes prontos de viagens para a Europa Oriental do tipo Praga, Viena e Budapeste que devem ser ótimos, já que essas 3 belíssimas e civilizadas cidades são milenares, super conservadas além de europeias.

Grande problema pra quem tá no Brasil querendo dar uns bordejos naquelas bandas é que não há voos diretos do Rio ou São Paulo para lá. Tem a cansativa e demorada escala. São de 10h a 12h até Paris, Amsterdam ou Berlim e troca de aviões até o destino final.

Recentemente resolvemos, Vitória, Mariana (filha e intérprete) e eu, encarar até Praga via Amsterdam. Depois de mais ou menos um ano de preparação (juntar euros, definir datas, passagens aéreas, hotéis e nos inteirar bastante sobre o local), partimos pra uma nova e sensacional aventura turística.

Vida de turista é boa porém não tem moleza não. Primeiro chegar no Tom Jobim, despachar a bagagem, passar pelos procedimentos de segurança e aguardar a hora do embarque.

A KLM, empresa holandesa é de bom padrão e pontual. Depois de acomodado só resta uma saída: relaxe...

O bom da viagem é quando finalmente, depois de passar outra vez pelos procedimentos de imigração e conseguir pegar as malas  chegar no hotel. Principalmente se o hotel atender as expectativas: camas confortáveis, banheiro decente, localização, etc.

Sair caminhando sem rumo com um mapa na mão em direção as atrações principais das cidades já é uma experiência única pois essas cidades medievais e ao mesmo tempo modernas e seguras são fantásticas em cada rua, beco, praças, arquitetura de ficar de boca aberta, lojas, bares, cafés, pessoas de todo lugar do planeta, bondes elétricos sobre trilhos silenciosos e coloridos...

De repente a Ponte Carlos IV, em arcos de pedra, sobre o Rio Moldava, abarrotada de pessoas, músicos, ambulantes, performáticos, japas, asiáticos e africanos. Alemães, holandeses, belgas, ingleses e italianos...

Não tem errada, tire fotos, ande sem parar, olhe tudo: igrejas imensas surgem nas ruelas mais improváveis, o calçamento de pedras perfeito e desenhado, fachadas lindas medievais, góticas, clássicas. Chocolates e tortas, cervejas e drinks, tudo ali na sua frente.

Não faça conversão de euro pra real, o nível é outro e não é nada barato em real. É melhor dividir bem a grana por dia e aproveitar.

Foram 5 noites pra ficarem gravadas na memória pelo resto de nossas vidas. Não tem preço almoçar em um restaurante italiano, situado no meio dessa arquitetura maravilhosa, comer uma massa com azeite não filtrado e um vinho tinto, vendo o tempo passar...

Além da belíssima cidade, o que me impressionou muito foi uma super escultura metálica giratória e subdividida, da cabeça de Franz Kafka (escritor de Metamorfose, O Processo e outros livros considerados obras primas da literatura mundial), erguida em uma praça em meio a construções modernas rodeadas pelas construções medievais.

Leves sobre trilhos multicoloridos, passeios de barco, funicular, Cadillac vermelho, estilo rolls royce, sem, capota com direito a chuva improvável sem mais nem menos, feiras e comes (goulash) e bebes (lager)... concertos clássicos nas igrejas, o relógio astronômico de 1410 (estava em reforma durante a nossa visita) e lá vamos nós pra Alemanha... de trem, de média velocidade, Rail Europe... confortável, silencioso e macio, poltronas frontais e mesa central, janelão panorâmico, ar condicionado, vagão restaurante...seguindo o despoluído e navegável Rio Elba... Cartão postal!!!

Então, Berlin, plana, rica, poderosa, Rio Spree, Portão de Brandemburgo, Esfera. Só que isso é outra história...

sacadinha do pum