quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Sessentão



Nunca pude imaginar que algum dia eu chegaria aos sessenta anos de idade!

Minha patroa logo falou: - Vai poder entrar na fila dos idosos, estacionamento p/ idosos, senha preferencial nos bancos, na loteca. Assento diferenciado em ônibus coletivo, etc.

Fico imaginando como o mundo mudou nesse intervalo da minha existência. Da minha caminhada pela vida. Pelas etapas dessa louca jornada, que passa em menos de um segundo na minha cabeça.

Consigo enxergar parte da infância, da adolescência, da juventude até os dias de hoje num piscar de olhos...

Sempre fui meio brincalhão e espirituoso. Nas salas de aula adorava sentar no fundo e zoar com os professores... alguns aceitavam outros nem tanto.

Quando se chega aos sessenta você começa a se referir a coisas do passado cada vez com mais frequência. As lembranças me parecem ser as coisas mais importantes dessa vida. Tanto as boas quanto as ruins.

Antigamente quando passei da fase “moleque de rua” pra fase das namoradas era muito diferente de hoje. Quem pegava na mão da mina (gíria da época) era considerado o maior garanhão do pedaço... hoje em dia a moçada só pega na mão depois que já fez de tudo...com a mina...

O melhor evento, nos idos de 73 (parafraseando Marcelo Nova do Camisa de Vênus), era o baile, o Hi Fi, também conhecido como “engoma cueca”. Depois veio a fase cursinho pra vestibular. Pra mim a melhor das fases, apesar da falta de grana.

Muita festa, muita paquera (gíria) e descompromisso total com a realidade... Nessa etapa alguns tabus e preconceitos como: os amassos além do portão, as quebradas e outros comportamentos estavam sendo desbravados.

Depois a fase adulta... Sair de casa... ter a própria casa...responsabilidades que vão te afastando da juventude e te levando pra outras paradas nunca antes imaginadas.

Trinta, Quarenta, Cinquenta e quando você menos espera já tá falando como um “coroa”, agindo como um senhor... atitudes que antes eu abominava...achava careta ou “fora-de-moda”, agora fazem parte do meu cotidiano.

Trabalhar, pagar as contas, criar os filhos, cuidar da casa, acordar mais cedo, pensar no futuro, na saúde...

Antigamente era pensar no presente, não tinha contas, a casa era a dos pais, acordar na hora que alguém te acordava e trabalho era estudar...

Estou me sentindo bem aos sessenta! Acho que do jeito que as coisas vão tenho chances de ir mais longe... Como diria Millôr : “O importante é morrer com saúde!”

Falar em morte então eu nunca falei. De uns tempos pra cá esse assunto já faz parte das conversas que tenho com meus senhores amigos da mesma geração. Claro que falar de rock continua dominando, de mulheres também (das nossas e dos outros), meter o pau na Dilma... Aliás como diria o profeta Bário das Quebradas: “Ninguém é de ninguém!”.

Uma das coisas boas que fiz nessa vida além de constituir minha família, ter minha casa e meu trabalho, por incrível que pareça foi fumar. Fumar e depois conseguir parar. Fumei muito. Andava com pacotes de Carlton debaixo do banco do carro... passados 28 anos enfumaçados, parei e não ligo mais pro cigarro, apesar de apreciar um de palha, um havana, etc.

Essa parada me deu uma sobrevida, já que não sou do tipo sarado e nem moderado, apesar da hipertensão, da glicose meio alterada e dos vários desafetos conquistados nesse periodo... já fui considerado obeso...hoje estou meio sedentário e meio no sobre peso. Mas afinal quem resiste um torresminho, quer dizer: uns torresminhos???

Tô segurando na cerveja, porém no vinho mando bem. Parei com a neura de só tomar três tipos de bebidas (importadas, nacionais e outras) e tento ficar sóbrio ou sem beber mais dias na semana.

O trabalho aumentou muito. Também já se vão 35 anos de engenharia sem nunca largar. Sou engenheiro pleno! Gosto da engenharia e acredito ter feito muita coisa nesses anos todos. Acho que isso é realização...

Alguém disse que o homem deve se preocupar em realizar três coisas: Ter filhos, plantar uma árvore e escrever um livro... acrescento mais uma coisa: conhecer lugares...

Sessentão e quase chegando lá... falta um livro...escrevi mais de 300 crônicas e artigos até aqui...acho que já posso pensar num livro. Alguém se habilita a editar?  





Amilcar ainda é o mesmo!

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sacadinha do pum