domingo, 19 de dezembro de 2010

A Viagem II – Lisboa


Chegamos em Lisboa num domingo pela manhã e fomos caminhar pelas imediações do hotel, logo depois de deixarmos as malas nos devidos quartos. Saímos em quatro como se fossemos velhos conhecidos. Um mineiro e três paulistas, Edson Eloy, Marcos Screpeliti e Walter, esse último um grande gozador que logo estava enturmado com a grande maioria dos excursionistas.
O domingo parece ser igual em qualquer parte e Lisboa apesar de ser a capital de Portugal também é idêntica as outras cidades, pouco movimento, o comércio fechado e as ruas desertas. Porem estávamos ali pra curtir tudo e as novidades eram crescentes à medida que andávamos: bondes daqueles antigos cheios de publicidade, de madeira com ferro, automóveis minúsculos, táxis (todos Mercedes modelo sedã antigo preto com o teto verde oliva) pra todo lado, paradas de ônibus urbano com todos os horários afixados, estações do metrô, etc. Lisboa assim como o Brasil engatinha em termos de metrô, principalmente se tratando de um país que estava prestes a entrar para a comunidade européia. O metrô de Lisboa era de apenas uma linha em forma de bumerangue e mais um pequeno trecho até a exuberante estação de trens.
Eu me identifiquei rapidamente com a cidade por ser parecida com Ouro Preto, porem moderna, conservada e naquela época efervescente. Portugal estava tentando entrar para o mercado comum europeu e tinha que mudar, tinha que crescer, obras urbanas e mudanças de comportamento teriam de ser implantados. A filosofia do mercado comum europeu é principalmente a qualidade de vida de seus habitantes e isso quer dizer: transporte coletivo de ótima qualidade, segurança, economia de mercado, grau de escolaridade, previdência para aposentados de bom nível, justiça rápida e justa, leis claras e regras estáveis tanto na política quanto na economia.
Chegamos a Praça Fernando II com canteiros formando um imenso labirinto que me lembrou no mesmo instante daquele filme com o Jack Nicholson, O Iluminado. Sentamos e ficamos apreciando a paisagem. Ao longe uma lua cheia, apesar de ainda estar claro já surgia num céu limpo, ao fundo o Rio Tejo com uma ponte pênsil imensa sobre ele (Ponte Vasco da Gama), me pareceu à ponte Rio Niterói, pelo tamanho e também pela altura.
Os casais usam e abusam dos gramados na Europa. Ocupam seus lugares e fazem verdadeiros piqueniques ou namoram de uma forma bem liberal e os guardas apenas observam de longe como que os protegendo.
No lado oposto da praça depois de alguns dias de Lisboa é que fui me situar, ficava a Rotunda, quer dizer um local onde várias avenidas desembocam, uma rotatória, sendo no meio a estátua do navegador fulano de tal.
Almoçamos e jantamos ao mesmo tempo perto da praça numa espécie de self service com roleta, porém uma comida comum tipo salada e bife.
Depois fomos ao Museu Guggenheim que por incrível que pareça estava fechado, justamente num domingo. Continuamos a caminhada de volta ao hotel. Combinamos de tomar um banho rápido e encontrar no saguão para sairmos de novo e então conhecer o que seria meu local predileto: antiga zona portuária de Lisboa, que começava a ser restaurada e ocupada novamente por bares e restaurantes: o Rocio...
Não me lembro bem mas acho que fomos de táxi e num instante estávamos na Rua do Comércio que lembra muito o Rio antigo, as ruas do centro do Rio com seus vários bares e restaurantes com mesas nas calçadas.
Restaurantes de frutos do mar com vitrines em aquários onde você escolhe a lagosta ou a sapateira (um caranguejo gigante). Os preços ainda muito aquém dos preços europeus, parecidos com os Rio ou mesmo de cidades a beira mar.
Preferimos um restaurante que tinha mesas nas calçadas, mais popular, porém sempre pensando em voltar num daqueles de lagostas.
O Eloy falando com sotaque pediu um vinho da casa ou nacional e uma entrada enquanto escolhíamos o prato principal. O clima de outono, frio pra nós, o céu limpo e chega uma cesta de pães, manteiga e queijo de cabra. Não dá pra explicar o nível do pão de tão saboroso e torrado, manteiga idem e o queijo esse eu nunca vi nada igual. Ele é meio duro por fora e quase um requeijão por dentro. De dar água na boca. Pedi outra porção antes do peixe grelhado com legumes (a Jardineira), também generoso e saboroso. Nisso passamos pro vinho branco, outra preciosidade e então eu já estava flutuando.
Nisso bate a saudade da terra, da família e dos amigos. Pensei no meu pai que sempre falava de Portugal e não teve essa oportunidade que eu estava tendo e era só o começo...
Essa viagem, além de turística, tinha também o propósito de um seminário no Laboratório de Nacional Engenharia Civil (LNEC). Seria uma semana de palestras e aulas sobre obras de escoamento de águas pluviais e de preservação das construções históricas nas grandes cidades.
O LNEC é um centro de estudos localizado na periferia de Lisboa, muito bem montado, com vários galpões e departamentos, numa área arborizada e bem protegida tipo um Campus Universitário, só que voltado pra pesquisas na área de engenharia, principalmente engenharia náutica.
O curso foi ministrado por professores aposentados, grandes nomes da engenharia e da arquitetura de Portugal, empolgados em passar para os irmãos brasileiros seus conhecimentos.
Os portugueses são exímios projetistas de barragens, eclusas e ancoradouros. Ficamos deslumbrados com a réplica do Rio Tejo em escala proporcional, desde sua nascente, seus afluentes e construções ribeirinhas...

Amilcar é gajo ora pois pois

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sacadinha do pum