segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Meu primeiro filet mignon

Antigamente, somente no almoço de domingo se comia frango assado com arroz de forno e refrigerante. Durante a semana, tinha bife de contra-filé ou chã e água ou limonada...
Hoje em dia todo dia tem frango, etc. refrigerante. Qualquer comida a quilo tem três tipos de carne e peixe, salmão, frutos do mar, etc.
Lembro que “encarei” meu primeiro filet mignon em Juiz de Fora, almoçando com meu pai na antiga rodoviária. Aquela da Getulio Vargas com a Avenida Rio Branco, hoje conhecida como prédio da CESAMA, ou Edifício Adhemar Resende...
O restaurante era da família Imbroise e meu pai pediu o tradicional: filet ao ponto com arroz e fritas...suculento...alto...bem servido...300 gr pra cada um...fritas crocantes e um arroz fumegante...
Nessas horas a fome ajuda o paladar e vice versa, porém eu ainda não sabia que “ao ponto” a parte interna da carne vinha meio que sangrando...tava acostumado com bifes estreitos e bem passados.
Meu pai logo notou e falou: - Filet se come ao ponto ou mal passado! Feche os olhos e deixe a carne derreter na boca!!! Isso sim é conselho de pai!
Dito e feito: daí em diante o filet virou o prato predileto e fui aprimorando nos acompanhamentos, nos cortes e nas formas de prepará-los.
Em Juiz de Fora tinha o Faizão, fogão a lenha e cozinha tradicional. Fui freguês de carteirinha inclusive com direito a escrever na parede e atendimento vip dos garçons “centenários”, principalmente do amigo Bolinha, hoje comandando um bar no alto de Santa Ifigênia.
Dizem que quando eu almoçava com amigos, lá no Faizão, o Bolinha ou o Luiz, sempre me serviam em primeiro e o melhor naco do filet era meu...algum tempo depois, com a proliferação do celular, descobriram que na hora de servir, era só ligar pra mim que distraído era traído pelo próprio Bolinha, que servia a todos e depois ainda comentava: - Não quis te incomodar no celular...
Tudo bem, a diferença não era tão abissal assim e meu histórico com os filés já virou até folclore.
Morei por 10 anos em Belo Horizonte e logo de cara fui conhecer o filet com brócolis da Cantina do Ângelo ou simplesmente Ângelo (Amazonas esquina com Tupinambás e Espírito Santo), um sobrado surrado, pé direito alto, garçons centenários e um filet honesto de primeira qualidade.
Ainda em BH, já mais familiarizado e enturmado (galera do Sion), conheci um restaurante na Savassi, pertinho do Cinema Pathé, na Pernambuco esquina com Getulio Vargas, chamado “CTI”.
O prato mais pedido era uma bola de filet recheada com requeijão, molho madeira, batatas sauté's e cebola ao ponto...era como se te internassem num centro de tratamento intensivo. O bom é que nesse local a caminhada é quase obrigatória. Piso plano, lojas de tudo quanto é coisa, sucos, lanchonetes e sorveterias, além é claro das “meninas das alterosas” em compras...
De volta pra capital da Zona da Mata ou Grande Bicas (como diria o Todinho – prefeito de JF e conterrâneo), passei a freqüentar com mais freqüência a cidade do Rio de Janeiro e adjacências.
Os filet's do Rio são muito bem tirados e os restaurantes do centro servem generosos pratos variando dos tournedor's aos, picadinhos, estrogonofes, medalhões, paillard’s (batido para alargar) e chateaubriand (corte mais nobre do filet). Além do chope gelado e fresco...
O nome filet mignon, surgiu na França e quer dizer fatia (filet) gostosa (mignon) e foi em Paris, nos idos de 1988 numa oportunidade rara, que fui saborear meu primeiro steak poivre, ou seja um tournedor ao molho de pimenta calabresa verde e batatas sauté. Imagine acompanhado de um tinto Bordeaux, olhando pro Sena???
Atualmente depois do “OutBack - Steakhouse” (Barra da Tijuca), carnes com cortes australianos, vários restaurantes estão surgindo com o mesmo conceito e é a tendência. Em JF, ainda não tive o prazer, porém soube do Bravon, do Sartorini e do Cantagalo entre outros, que também já oferecem cortes generosos de partes nobres de bovinos e suínos.
Bicas é que deixa a desejar e muito na área gastronômica, principalmente o simples e delicioso filet com fritas.
O máximo que se consegue em Bicas é um bife de contra-filet acebolado e só. É pecado falar filet mignon nesses locais.
Alguém me disse que é caro...e daí? Ofereçam com ou sem filet e cobrem a diferença, porém tenham filet mignon!!!
Cada bovino fornece duas peças do filet e aqui em Bicas são vários açougues. Não existe justificativa para não ter o tão saboroso, suculento, macio, fácil de preparar, nutritivo e respeitado filet mignon!!!
Basta uma chapa, ou churrasqueira, ou até um frigideira, um forno...e aquele naco grelhado, ao molho madeira, com legumes cozidos (cenouras, batatas, repolho, brócolis e ervilhas...).
Alô Bicas, sai um filet com fritas e uma gelada, por favor...

Amilcar é mamífero e carnívoro!


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sacadinha do pum