terça-feira, 11 de junho de 2013

Doador de Órgãos


 
Todo mundo já teve a oportunidade de se manifestar quanto à doação de seus órgãos após a morte.

Se você analisar que seu corpo será cremado ou enterrado e ao pó retornarás, qual o problema em doar seus órgãos para alguém que ainda poderá viver muitos anos transplantado?

O melhor de tudo é saber que mesmo sendo essa pessoa ignorante e beócia que você foi durante a vida toda, seu fígado meio detonado ainda vai servir pra alguém mais letrado e menos beberrão.

Seus lindos olhos, que nunca enxergaram mais do que um palmo na frente do nariz e mesmo assim embaçado, agora poderão ver que: nem tudo que reluz é ouro. Que a maioria das coisas está bem debaixo do seu nariz empinado. Que dá pra ver muito além desse seu mundinho retrógrado ou magnífico ou como achar melhor...

Seu pulmão, apesar de já estar em adiantado estado de fadiga e falta de ar ainda pode quem sabe fornecer um gás pra um fumante inveterado.

Sua boca cheia de implantes e obturações poderá servir pra alguém que fale pouco e moderadamente ao contrário do que você falava de asneiras e palavras de baixo calão. Transformando as orelhas dos ouvintes em simples urinóis.

Suas delicadas mãos de estivador ou de mecânico de moto escraper podem muito bem servir para outros gestos ou gesticulações. Afinal nos dias de hoje quem é que não faz algum gesto de caridade, um gesto de solidariedade. Pode também servir a um hair cabeleleiro moderninho cheio de gesticulações e trejeitos...

A doação de órgãos é uma escolha sua que pode servir a alguém diametralmente oposta em personalidade e preferências.

Você que desabrochou assim como a Daniela Mercuri, participava assiduamente das paradas gay’s, quando estressava era um Deus-nos-acuda, morre sem mais nem menos... Seus órgãos vão pra quem está precisando e pode ser um macho, um homem viril, daqueles que fazem das mulheres escravas de cama mesa e banho.

Contam que um cidadão chegou ao médico com seu intestino grosso em frangalhos, o doador era macho... o transplante foi um sucesso e o doutor recomendou muito:

 - Santa, vê se toma jeito e cuida melhor do seu... Você sabe!

- Doutor quando era no meu eu não ligava... Esse que é de outro eu não quero nem saber. Oh glória!!?!!??   

O doador não pode ter esses receios. Achar que vai ficar assistindo lá do outro mundo seus órgãos funcionando bem só que em pessoas com comportamentos distintos.

Imagine que suas pernas ociosas, preguiçosas, que praticamente nem andavam serem implantadas num atleta de maratona ou num alpinista?

Ou ainda aquele macrobiótico xiita, que aboliu as proteínas animais, os carboidratos calóricos e doar seu estômago prum glutão carnívoro de alcatras, fraudinhas e picanhas suculentas. Massas, pastas, pizzas e “granas padanos”?

Até aí tudo bem. Acho que o pior, estou até pensando em rever minha doação, seria doar meu cérebro que produziu todos os meus desafetos e mais alguns que ainda produzirei, pra algum desmiolado, que na UTI já vai falando oi pra todo mundo!

Gente que eu até mudo de calçada pra não cumprimentar, agora sendo efusivamente reverenciada pelo hospedeiro da minha cabeça!!!

A doação tem que ser de corpo e alma...
O problema é alguém sacana comentar: - O jeitão de andar é idêntico ao do falecido!!! 





Amilcar é doador.

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sacadinha do pum