Todo mundo já teve a
oportunidade de se manifestar quanto à doação de seus órgãos após a morte.
Se você analisar que seu corpo
será cremado ou enterrado e ao pó retornarás, qual o problema em doar seus
órgãos para alguém que ainda poderá viver muitos anos transplantado?
O melhor de tudo é saber que
mesmo sendo essa pessoa ignorante e beócia que você foi durante a vida toda,
seu fígado meio detonado ainda vai servir pra alguém mais letrado e menos
beberrão.
Seus lindos olhos, que nunca
enxergaram mais do que um palmo na frente do nariz e mesmo assim embaçado,
agora poderão ver que: nem tudo que reluz é ouro. Que a maioria das coisas está
bem debaixo do seu nariz empinado. Que dá pra ver muito além desse seu mundinho
retrógrado ou magnífico ou como achar melhor...
Seu pulmão, apesar de já estar
em adiantado estado de fadiga e falta de ar ainda pode quem sabe fornecer um
gás pra um fumante inveterado.
Sua boca cheia de implantes e
obturações poderá servir pra alguém que fale pouco e moderadamente ao contrário
do que você falava de asneiras e palavras de baixo calão. Transformando as
orelhas dos ouvintes em simples urinóis.
Suas delicadas mãos de
estivador ou de mecânico de moto escraper podem muito bem servir para outros
gestos ou gesticulações. Afinal nos dias de hoje quem é que não faz algum gesto
de caridade, um gesto de solidariedade. Pode também servir a um hair
cabeleleiro moderninho cheio de gesticulações e trejeitos...
A doação de órgãos é uma
escolha sua que pode servir a alguém diametralmente oposta em personalidade e preferências.
Você que desabrochou assim
como a Daniela Mercuri, participava assiduamente das paradas gay’s, quando
estressava era um Deus-nos-acuda, morre sem mais nem menos... Seus órgãos vão
pra quem está precisando e pode ser um macho, um homem viril, daqueles que
fazem das mulheres escravas de cama mesa e banho.
Contam que um cidadão chegou ao
médico com seu intestino grosso em frangalhos, o doador era macho... o
transplante foi um sucesso e o doutor recomendou muito:
- Santa, vê se toma jeito e cuida melhor do
seu... Você sabe!
- Doutor quando era no meu eu
não ligava... Esse que é de outro eu não quero nem saber. Oh glória!!?!!??
O doador não pode ter esses
receios. Achar que vai ficar assistindo lá do outro mundo seus órgãos funcionando
bem só que em pessoas com comportamentos distintos.
Imagine que suas pernas
ociosas, preguiçosas, que praticamente nem andavam serem implantadas num atleta
de maratona ou num alpinista?
Ou ainda aquele macrobiótico
xiita, que aboliu as proteínas animais, os carboidratos calóricos e doar seu
estômago prum glutão carnívoro de alcatras, fraudinhas e picanhas suculentas. Massas,
pastas, pizzas e “granas padanos”?
Até aí tudo bem. Acho que o
pior, estou até pensando em rever minha doação, seria doar meu cérebro que
produziu todos os meus desafetos e mais alguns que ainda produzirei, pra algum
desmiolado, que na UTI já vai falando oi pra todo mundo!
Gente que eu até mudo de
calçada pra não cumprimentar, agora sendo efusivamente reverenciada pelo hospedeiro da
minha cabeça!!!
A doação tem que ser de corpo
e alma...
O problema é alguém sacana comentar: - O jeitão de andar é idêntico ao do falecido!!!
O problema é alguém sacana comentar: - O jeitão de andar é idêntico ao do falecido!!!
Amilcar é
doador.
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