quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Ruído de Favela



Quando essa moda de funk surgiu no Brasil com o Bonde do Tigrão ninguém poderia supor que um som tão bizarro e pobre de melodia e poesia pudesse vingar...

Logo depois um outro ruído com mensagens claras dos traficantes das favelas e complexos do Rio profetizou: “Tá tudo dominado...”

Enquanto se resumia ao Rio de Janeiro e sua periferia, esse monstrengo não causava nenhum dano ou dor de cabeça pra ninguém. O problema é que alguém resolveu divulgar essa porcaria ensurdecedora através de super potentes sistemas de auto falantes instalados em veículos automotores: kombis, fuscas, corcéis, opalas, maveriks, gordinis e outros...

Até aí tudo bem, só que a onda veio de encontro com a vontade de pessoas que ainda não tiveram seus 15 minutos de fama (como diria Andy Warhol), juntando a fome com a vontade de aparecer (como diria Bário da Mídia).

Dentro dessa galera os que mais se destacam são os incríveis e protegidos “filhinhos de papai”. Caminhonetaças automáticas, com tração nas quatro e mega quilowatts de ruído em todas as frequências  e direções conhecidas pelos ouvidos existentes.

A febre que se alastra a cada ano mostra assim como a dengue, o lulopetismo e o consumo de drogas pesadas, a pobreza mental reinante no país melhor do mundo em coisas ruins...

Os bons costumes não existem mais e as cidades vem sendo sufocadas de barulho altamente poluente, emburrecente e sem critério.

Alguém mais sensato do que eu vira de frente pra mim e indaga: Você não foi jovem? Tambem não gostava de aparecer?

Claro que todos nós, mais idosos (estou com 61 anos), já fomos jovens, rebeldes e barulhentos, porém meus pais (que também foram jovens) sempre me ensinavam e cobravam sobre os bons costumes: respeite os mais velhos, olha a lei do silêncio, etc.

O ruído, dessas verdadeiras maquinas de som, é tão absurdo e ensurdecedor, que as pessoas dentro de suas casas, com tudo fechado e tampões nos ouvidos, ficam paralisadas sentindo os vidros tilintarem, as telhas se deslocarem e as paredes tremendo.

Andei reclamando com a polícia e  até com a promotoria e o máximo que consegui foi mais desafetos. Desafetos que já me agrediram verbalmente no anonimato. Alguém me disse que foi um tal de “tamanduá”. Outros me fuzilaram nas redes soviéticas, digo sociais, me aconselhado: “quem mandou morar na praça???” Pra quem não sabe eu nasci na praça e hoje está dominada pelo comércio de bebidas, entretenimento, som de pasto e outras coisitas...

As vezes a polícia aparece, dá uma dura, pede, solicita e a coisa se  acalma...porém logo vem outro reluzente e turbinado automático do papai, soltando giga hertz a mais de mil e o volume envolve a tudo. Casas, apartamentos, lojas, escritórios, igrejas, hospitais, berços, canis, apiários e galinheiros, como uma manta magnetizada por ondas curtas, médias e ruidosas.

Nisso vou pro quintal e tento me esconder, porém não existe esconderijo onde eu possa pelo menos assistir TV ou falar ao telefone. Dormir então é terminantemente proibido, principalmente porque o futuro surdo com labirintite não tem noção se são 22h ou 2h da madrugada.

Vejo que algumas cidades como Juiz de Fora, a coisa vem mudando, pois movimentos de moradores sem som sem motivo algum, estão se movimentando e conseguindo sumir com esse baile de favela mal frequentado.

Já pensei até em me mudar, vender a casa que um dia foi de meus pais. Agora estou tentado a instalar um puta som no meu carango e ligar debaixo da janela desses energúmenos na hora que estiverem dormindo. Vou contra atacar com o mesmo remédio...Logicamente que  serei execrado por estar fazendo barulho as 9h da manhã...

A falta respeito instalada no Brasil, onde o exemplo vem de cima com o desmando nos poderes máximos da república, é a réplica nas pequenas comunidades. Falta pulso forte.

Hoje em dia qualquer minoria fala grosso e muito alto...tá difícil de acabar...

Engraçado nessa história é que existem leis no código de transito proibindo duas coisas básicas nesse assunto, mas ninguém respeita: som automotivo e dirigir após ingerir bebida alcoolica!!!

Outro grave problema pro Brasil será na saúde pública, pois assim como a falta de saneamento básico desencadeou essas epidemias de mosquito, a vigilância sanitária deveria começar a intervir nessas maquinas de barulho antes que o numero de jovens surdos aumentem ainda mais as deficiências da previdência e do SUS (só uns surdos).  

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sacadinha do pum