terça-feira, 14 de agosto de 2018

O Fator Paulistano


 Uma das coisas boas da vida é viajar. Poder viajar, conhecer outros lugares, sair do cotidiano e sentir saudade de casa.

Alguns lugares são realmente muito bons e vou citar alguns: Campos do Jordão, Monte Verde, Visconde de Mauá, Tiradentes, Petrópolis (e região), Ibitipoca...

Por incrível que pareça a grande maioria desses lugares está na Serra da Mantiqueira, em áreas protegidas com muito verde como diria o Hermeto Pascoal. Altitudes acima dos 1000 metros como é o caso da maioria delas, apenas Petrópolis com 838m e Tiradentes com 927m, apesar de alguns pontos da Serra do Mar e da Serra de São José apresentarem altitudes de mais de 1.300 metros. Nesse caso basta fazer umas trilhas como é o caso da Trilha do carteiro na Serra de São José.

Em Campos do Jordão, a trilha que te leva a Pedra do Baú passa dentro do Horto Florestal e é simplesmente ótima de caminhar, bem sinalizada com visuais incríveis.

Todas essas quebradas são fantásticas, mas com um grave problema: os preços nas alturas!

Nem sempre foi assim. Até pouco tempo atrás dava para ir nesses locais na alta temporada, conseguir boas pousadas e gastar o justo, porém hoje em dia isso mudou. Mudou pra pior. Nessas épocas tudo fica lotado de gente, muita gente, gente de todo tipo e gente mal-educada.

Monte Verde, que é um distrito de Sapucaia fica exatamente no “queixo do mapa de Minas”, que tem o formato de uma cara.

É uma vila fundada por famílias alemãs que vieram para o Brasil e iniciaram no local o conceito de chalés, fondues, chocolates, trutas, trilhas, cachoeiras, matas de araucárias...

Por ser próxima de Campos do Jordão, refúgio da classe média e alta de São Paulo, aos poucos foi sendo invadida por paulistanos endinheirados e nem sempre silenciosos ou discretos. Tem se transformado de bucólica e prazerosa em desfile de ricos e novos ricos, nem sempre dispostos a dividir o espaço com outros povos e com muita ostentação...

Daí em diante passei a observar que verdadeiros oásis de tranquilidade e descanso passaram a sofrer de competição entre as diversas tribos de paulistanos. Cada um mostrando seu último automóvel de alto padrão, pagando cada vez mais caro pelos artesanatos (Tiradentes que tem móveis de demolição e vários artesanatos de boa qualidade está impraticável pro´s mineiros). Pousadas de categoria simples, com café da manhã sofrível, cobrando diárias de hotéis 5 estrelas. Restaurantes antes frequentáveis por nós pobres moradores da Zona da Mata, tipo o Atrás da Matriz, Pau de Angu ou o ótimo Tragaluz em Tiradentes, atualmente só com reserva e o vinho mais barato na casa dos R$100,00...

Visconde de Mauá, ou melhor nas duas Maringás, a de Minas e a do Rio, cortadas pelo translúcido e pedregoso Rio Preto, onde se concentram as lojinhas, bares e restaurantes, atualmente vivem inflacionadas de paulistanos e assim os preços sobem em padrões proibitivos, além do barulho proporcionado pela disputa de quem tem mais pra mostrar!

Em Conceição do Ibitipoca aconteceu o mesmo fenômeno, antes aquela vila pacata e preços razoáveis passou a ficar intransitável e dolarizada principalmente depois que o Samuel do Skank mencionou que adorava descansar no vilarejo. Pelo menos o Parque Estadual de Ibitipoca foi contemplado com melhorias e limitação de visitas. Esses Paulistanos não são fáceis...

Petrópolis e região, principalmente Itaipava, muito frequentada por cariocas não sucumbiu aos paulistanos, ainda. Mesmo por que existe um bairrismo de que Campos do Jordão é melhor ou vice e versa. Balela: cada uma tem seu charme.

Quem não quer fazer nada no Capivari degustando uma Baden Baden, que fiquei sabendo já pertence a Ambev?

Quem não quer fazer o mesmo no lounge da Bohemia, que também é da mesma tchurma?

Agora dar umas voltas na pista de caminhada do Parque de Exposições de Petrópolis em Itaipava, descer a pé até o Bordeaux, passando pela Empório Maria Maria, escolher um vinho deitado (pode ser um Brunello de Montalcino), fazer sua própria porção de petiscos com granas padanos, patés, jamons e pães fabricação própria, vendo o transitar das figuras... isso não tem preço!!!

Depois disso só mesmo concluindo com um belo almoço no Farfarelo ou no Clube do Filet!!!

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sacadinha do pum