sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A verdadeira história do xixi no cinema...



No final dos anos 60 e início dos anos 70 existia em Bicas várias turmas que se reuniam para contestar o sistema e se divertir, principalmente.

Estávamos no auge da ditadura militar e as liberdades eram limitadas, os trilhos ainda estavam no lugar, as oficinas da RFFSA também funcionavam e ainda de pé o Cine Theatro São José!

Nossa turma era formada por garotos com idade ginasial, ou melhor entre 12 e 15 anos e o local principal de encontro era na antiga Praça que ninguém mais sabe o nome, atrás da antiga prefeitura da cidade, na esquina das Ruas Dona Ana e Rua Prefeito Major Severino Costa.

O local era ideal pra gente se reunir. Era central e meio malocado por causa das várias árvores frondosas que serviam de esconderijo e observatório.

Na árvore da esquina um banco de sentar meio detonado foi batizado de “banco da saúde” que não me lembro o porquê e que servia de degrau pra subirmos nas árvores.

Quando alguém aprontava alguma do tipo: furtar jabuticaba no quintal da Dona Maria Baião e tinha que sumir do circuito era fácil: existiam quatro saídas rápidas. Três pra Cel. Souza e uma no fim da Rua Dona Ana que desembocava no cafezal do Dr. Oliveira. Nessa rota de fuga dava pra passar por trás das oficinas e do campo do Leopoldina e vazar lá na Barão de Catas Altas, nas imediações do antigo casarão e hospital.

O prédio do Fórum (atual secretaria de cultura), possuía um portão lateral que nunca era utilizado. Passando por ele uma das trilhas a seguir era por trás do Centro Espirita e chegávamos em um abandonado reservatório de abastecimento de água. Era outro ponto de encontro da Turma da Maloca!

Essa turma tinha uns 20 integrantes fixos e outros que gostavam das aventuras de moleque, mas que não assumiam suas molecagens... como os efetivos.

Todo mundo tinha apelido e estudava no nível ginasial. Alguns em JF, a maioria no Chico Peres em Bicas.

A noite, praticamente toda noite, menos sábado e domingo (quando aprontávamos nas festinhas de aniversário onde um era convidado e o resto era penetra), brincávamos de “barrilium”. Um coitado tinha que achar os outros naquele pequeno imenso universo ao redor do “banco da saúde”.

O cinema era outro ponto de encontro da galera. Nessa época as primeiras namoradas, na primeira sessão do domingo à noite, sentavam bem nas primeiras filas e guardavam lugar pro’s pretendentes.

Assim que o Gote (Iguatemi Índio do Brasil) apagava a luz a galera se ajeitava do lado de sua amada. Quem “pegava na mão” era considerado líder da galera. Pelo menos durante a semana. Mão no ombro então era o máximo!!!

A Turma da Maloca ia em peso no cinema, assistíamos o filme várias vezes e a algazarra era geral. Gritos de “corta Gote” ou Vai acontecer isso. O mocinho vai morrer no final.

Impreterivelmente o Duílio convidava alguém inconveniente a se retirar...

No balcão superior do cinema, pouca gente frequentava. Geralmente o local era dominado por outros marmanjos que mantinham encontros furtivos, em outro nível de relacionamento, nessa área do cinema.

A Turma da Maloca era tão assídua que tinha transito livre até na cabine dos projetores, onde o Gote imperava. Eram dois projetores lindos e imensos, que rodavam o celuloide, divididos em duas ou mais partes. Quando acabava o rolo de uma máquina, dava um breu, até passar pro outro projetor. Nesse momento a gritaria era geral!!! Vaias, assovios, palmas, até estalinho tinha...

Alguém uma vez passou pasta de dente em uma das lentes da projeção e foi um caos. Várias vezes alguém entrava na frente da projeção. Sinais obscenos, sombra imitando animais com os dedos. Muita gente sofria pra ver um filme em paz. Imagina se naquela época existisse o celular???

Numa dessas bagunças e algazarras alguém da turma falou: vou mijar aqui mesmo, Na mesma hora vários outros seguiram a sugestão... O líquido escorreu pelo piso do balcão, entrou no tubo de saída e despejou nas cadeiras do piso térreo. Alguém de baixo reclamou e galera foi saindo de fininho um por um... no famoso pinote...

Rapidinho já estávamos no Bar do João Varanda, tomando um sundae com marshmallow, quando a notícia começou a circular: Fizeram xixi no cinema! Tão falando que foi o Amilquinha filho do Sr. Amilcar!

Assim que escutei o buchicho evaporei do pedaço e na ponta dos pés deitei no meu quarto com o coração a mais de 1000 por segundo.

Passados alguns minutos que pareciam horas meu pai entrou no quarto p$%u@to da vida me deu logo uns quatro ou cinco safanões e decretou: “Amanhã você vai cedo lá limpar a merda que fez!!! “

No dia seguinte, bem cedo, depois daquela noite mal dormida, peguei um balde, um pano de chão e uma vassoura e fui limpar a c@g@d@ da noite anterior. O Duílio estava me esperando e com pena do meu castigo disse: Tá tudo bem. Já limpamos. Vê se aprende a lição!

Paguei o pato sozinho e não entreguei ninguém. Não existia a delação premiada.

Até hoje, quem lembra dessa história, que virou lenda urbana, mexe comigo. Uns de brincadeira outros pra denegrir a minha imagem...

Passados quase 50 anos, criei coragem e vou entregar quem mijou e conseguiu se safar. Foram os seguintes membros da Turma da Maloca e agregados: Cará, Frateschi, Guran e Maclóvio!!!

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sacadinha do pum