quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Pedigree

Mesmo com a intensa massificação das coisas, essa enxurrada de informação, esse excesso de novidades e tudo que uma boa e “escorada” conta bancária pode proporcionar, nada adianta quando não se tem tradição, pedigree, estirpe...
Todo mundo se liga nesse negócio de: o fulano é o filho do beltrano o rei da pimenta do reino; ou o sicraninho é o herdeiro do império da laranja mecânica; ou ainda esse cara aí é o neto do dono do chicletes da família Adams, ou parente do Abílio, do Adalberto, do Ronaldo...
As vezes você que estudou muito, fala outras línguas, leu Machado de Assis e Luiz Fernando Veríssimo, é totalmente desprezado. Desprezado pelo jet set, pelos formadores de opinião, principalmente quando confrontado com alguém que já nasceu como lenda, gente que parece ter uma aura de luz ao redor do corpo, pessoas que não precisam se pronunciar que logo são copiadas, adoradas e respeitadas.
Tem festa que o papo gira em torno da casa nova que o sujeito acabou de fazer lá no alto do morro do Conde do Monte Cristo, do pé direito de 9,00 metros, das salas integradas ou do giro que o distinto vai dar por algumas quebradas do planeta: Atacama, Perito Moreno, Jalapão, Capadócia...
As revistas de fuxico ou as que só vêm Caras, estão sempre Contigo de prontidão pra noticiar qualquer Capricho ou coisa que o sujeito anda fazendo. Pode ser a coisa mais normal do mundo, a coisa mais banal que um ser humano sabe fazer e logo os paparazzi estarão a postos com suas objetivas, atrás de seus objetivos principais: uma foto, mesmo que embaçada, do elemento sentado no vaso ou falando ao telefone por exemplo.
Quando a figura é vista comprando batata na feira, no balcão de um aeroporto, almoçando naquele restaurante que tem muito nome e pouca comida, quase que no mesmo instante, ao vivo, as tv’s já estão transmitindo e tentando solucionar ou avaliar esses hábitos tão sensacionais, tão espetaculares, tão ímpares dessas celebridades...
Você também pode chegar lá. Essa situação, essa inveja, esse seu desejo de ser um ilustre, um artista famoso ou apenas famoso, pode virar realidade. Basta querer e estar no lugar exato na hora pontual. Quer dizer: querer as vezes precisa de um dinheirinho a mais. Venda seu automóvel 87 por exemplo e levante algum. Já é algum. Vá numa loja dessas de grife e tome um banho antes de tomar um banho de loja...
Depois vá para Nova York ou compre um celular de tela de plasma ou ainda: passe a namorar a filha do sertanejo ou do ministro e apareça nos locais certos na hora que a mídia estiver lá.
Uma forma fácil de virar celebridade é contratando esses fotógrafos paparazzi e sair em fotos com a Luma sem deixar que seja reconhecido só pra todo mundo perguntar: Quem é aquele cara que ...?
Daí pra badalação é um pulo. Toda dia tem convite pra festa, pra coquetel, lançamento de qualquer coisa, making off de papel higiênico, vernissage de pintor de interiores, desfile de moda de cadelinha de gente granfina e até pra ser platéia de acústico do Belo (não confundir com o José Bello) ou de futivolei entre o Animal e o Baixinho!
O que você não pode é sair achando que todo mundo vai querer te receber ou te emprestar algum de uma hora pra outra, já que Ilha da Fantasia ou Contos de Fadas são histórias de mentirinha.
Portanto faça a coisa certa: seja uma celebridade com pedigree, logicamente sem sair mordendo todo mundo como um doberman descontrolado!


 

Amilcar não assiste novela!

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sacadinha do pum