terça-feira, 27 de novembro de 2012

Praça São José



A Turma da Praça


Eu sou do tempo em que a Praça São José passou pela reforma mais bem elaborada até os dias atuais...
Sou daquela época em que o piso era de terra batida e as árvores eram nativas... Lembro-me do pé canela e do coreto...
A grande reforma foi no governo do Prefeito Nilson Batista Vieira e não teve improviso, foi com projeto arquitetônico e paisagístico de muito bom gosto... Espelho d’água, canteiros com arbustos robustos e piso de bloquete (novidade na ocasião). Uma passarela aérea em formato de “S” passando por dentro do espelho d’água com pilares redondos revestidos e painéis azulejados decorados, era o que tinha de mais moderno e estilo Brasília, Niemayer...
Nesse tempo as brincadeiras noturnas conhecidas como “BARRILI” eram extremamente concorridas principalmente pela turma da praça e arredores mais a galera da Turma da Maloca: Alberto do Alibert dos correios, Orlando e Matheus, meus primos, Flávio do Tão Gorjeta, Tim da Da. Vênus e outros.  
Várias casas estilo clássico e belas foram erguidas ao redor da Praça.
Algumas foram demolidas e outras ainda resistem como a casa do Dr. Milton Machado com suas siriemas e tartarugas, além de vários artesanatos de tribos indígenas do Pará e do Amazonas.
Onde hoje é o Bar do Pompa uma bela casa com varanda e muito jardim foi demolida, assim como a casa de meus avós maternos Dr. Matheus e Valdemira, onde funcionava os consultórios dentários dos Tios Célio, Hélio e Nélio...e do Vô Matheus.
Sempre fui privilegiado nesse aspecto e ainda moro na praça no mesmo lugar onde nasci e fui criado. 
Até ser pavimentado, o entorno da praça era poeira no inverno e barro no verão... Depois o calçamento em paralelepípedo, um luxo... que ainda existe e está debaixo desse triste asfalto*...
A vida corria devagar, a Estrada de Ferro Leopoldina funcionava a todo vapor, a cidade girava e respirava com os ferroviários. O apito da oficina comandava o horário produtivo e rivalizava com a Fábrica de calçados Almirante. O movimento era intenso e justamente na Praça São José, pois a fábrica de sapatos sempre funcionou ali e grande parte dos ferroviários morava na Rua 15 e na Reta. O Bairro Retto ainda era uma chácara.
Meu Tio Felício era o chefe da estação ferroviária e os trens cortavam a cidade. Quando algum atrasava todo mundo ia ao Tio Felício saber por quê... O ponto principal da divisão dos trilhos na cidade era entre as Ruas Coronel Souza e a Rua dos Operários, a Maria Fumaça entrava apitando, trem de passageiros e de carga. Nessa hora, o movimento de pessoas era intenso.
 A estrada Bicas JF era chão batido e a Viação Santos tinha dois horários: um pra ir e outro pra voltar... Costeleta (costela de vaca) no inverno, corrente no verão.
O “barrile ou barrili um” era todo santo dia e o Padre Cataldo andou querendo acabar com a farra, porém não conseguiu... Cheguei a ser coroinha, não deu muito certo, assim como nas coroações dos meninos, a galera mais “levada” só queria saber dos saquinhos com guloseimas que as famílias distribuíam, quando seus filhos funcionavam como “coroador” da vez.
A torre do sino era visitada todo dia e várias vezes a turma convocava missa ou enterro fora de hora... Meu pai um dia me pegou no flagra tocando sino e falou: - A próxima vez você vai bater o sino com a sua cabeça...parei no ato...até hoje não subi mais na torre e acho que agora só repica no horário certo!
Na Semana Santa a praça vivia seus momentos de glória, pois a Paixão de Cristo era encenada pelos próprios moradores, num palco montado em frente à Igreja... Lembro do saudoso Salim Jorge e também do Said Felipe Jorge interpretando de forma magnífica o drama de Jesus.
Aqui vai um apelo, de um católico não praticante e relapso = Padre Cássio, VOLTA COM A SEMANA SANTA NA PRAÇA!!! Te garanto que o rebanho voltará a aumentar...
A turma da praça sobreviveu e pode contar pro’s netos que esteve presente num tempo muito divertido, brincadeiras orgânicas, ou seja, sem eletrônicos, na rua, como moleques... de família!
*ALÔ PREFEITOS... VOLTEM COM O PARALELEPÍPEDO!!!

Amilcar é saudosista!

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sacadinha do pum