A Turma da Praça
Eu sou do tempo em que a Praça
São José passou pela reforma mais bem elaborada até os dias atuais...
Sou daquela época em que o
piso era de terra batida e as árvores eram nativas... Lembro-me do pé canela e
do coreto...
A grande reforma foi no
governo do Prefeito Nilson Batista Vieira e não teve improviso, foi com projeto
arquitetônico e paisagístico de muito bom gosto... Espelho d’água, canteiros
com arbustos robustos e piso de bloquete (novidade na ocasião). Uma passarela aérea
em formato de “S” passando por dentro do espelho d’água com pilares redondos
revestidos e painéis azulejados decorados, era o que tinha de mais moderno e
estilo Brasília, Niemayer...
Nesse tempo as brincadeiras
noturnas conhecidas como “BARRILI” eram extremamente concorridas principalmente
pela turma da praça e arredores mais a galera da Turma da Maloca: Alberto do
Alibert dos correios, Orlando e Matheus, meus primos, Flávio do Tão Gorjeta,
Tim da Da. Vênus e outros.
Várias casas estilo clássico e
belas foram erguidas ao redor da Praça.
Algumas foram demolidas e
outras ainda resistem como a casa do Dr. Milton Machado com suas siriemas e
tartarugas, além de vários artesanatos de tribos indígenas do Pará e do
Amazonas.
Onde hoje é o Bar do Pompa uma
bela casa com varanda e muito jardim foi demolida, assim como a casa de meus
avós maternos Dr. Matheus e Valdemira, onde funcionava os consultórios
dentários dos Tios Célio, Hélio e Nélio...e do Vô Matheus.
Sempre fui privilegiado nesse
aspecto e ainda moro na praça no mesmo lugar onde nasci e fui criado.
Até ser pavimentado, o entorno
da praça era poeira no inverno e barro no verão... Depois o calçamento em
paralelepípedo, um luxo... que ainda existe e está debaixo desse triste asfalto*...
A vida corria devagar, a Estrada
de Ferro Leopoldina funcionava a todo vapor, a cidade girava e respirava com os
ferroviários. O apito da oficina comandava o horário produtivo e rivalizava com
a Fábrica de calçados Almirante. O movimento era intenso e justamente na Praça
São José, pois a fábrica de sapatos sempre funcionou ali e grande parte dos
ferroviários morava na Rua 15 e na Reta. O Bairro Retto ainda era uma chácara.
Meu Tio Felício era o chefe da
estação ferroviária e os trens cortavam a cidade. Quando algum atrasava todo
mundo ia ao Tio Felício saber por quê... O ponto principal da divisão dos
trilhos na cidade era entre as Ruas Coronel Souza e a Rua dos Operários, a
Maria Fumaça entrava apitando, trem de passageiros e de carga. Nessa hora, o
movimento de pessoas era intenso.
A estrada Bicas JF era chão batido e a Viação
Santos tinha dois horários: um pra ir e outro pra voltar... Costeleta (costela de vaca) no
inverno, corrente no verão.
O “barrile ou barrili um” era todo santo dia e o Padre Cataldo andou
querendo acabar com a farra, porém não conseguiu... Cheguei a ser coroinha, não
deu muito certo, assim como nas coroações dos meninos, a galera mais “levada”
só queria saber dos saquinhos com guloseimas que as famílias distribuíam,
quando seus filhos funcionavam como “coroador”
da vez.
A torre do sino era visitada
todo dia e várias vezes a turma convocava missa ou enterro fora de hora... Meu
pai um dia me pegou no flagra tocando sino e falou: - A próxima vez você vai bater o
sino com a sua cabeça...parei no ato...até hoje não subi mais na torre
e acho que agora só repica no horário certo!
Na Semana Santa a praça vivia
seus momentos de glória, pois a Paixão de Cristo era encenada pelos próprios
moradores, num palco montado em frente à Igreja... Lembro do saudoso Salim
Jorge e também do Said Felipe Jorge interpretando de forma magnífica o drama de
Jesus.
Aqui vai um apelo, de um
católico não praticante e relapso = Padre Cássio, VOLTA COM A SEMANA SANTA NA
PRAÇA!!! Te garanto que o rebanho voltará a aumentar...
A turma da praça sobreviveu e
pode contar pro’s netos que esteve presente num tempo muito divertido,
brincadeiras orgânicas, ou seja, sem eletrônicos, na rua, como moleques... de
família!
*ALÔ PREFEITOS...
VOLTEM COM O PARALELEPÍPEDO!!!
Amilcar é
saudosista!
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