quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Pulmão

Todo mundo sabe que o pulmão é um órgão do corpo humano, que faz parte do nosso sistema respiratório, que manda oxigênio para a corrente sangüínea e que não pode ser maltratado como vem sendo desde a revolução industrial e a explosão populacional.
O pulmão tem sofrido demais nesses últimos tempos, mas só se pensa nele na hora da tosse, do resfriado, da pneumonia, da tuberculose, do catarro, do excesso de meleca que seu nariz anda produzindo. Essa unidade de abastecimento de oxigênio do seu corpanzil sempre ficou em ultimo plano, veja seus pés como podem ser bem tratados: tênis, sapatos, botas, meias e galochas são feitos de forma a proteger, a revigorar e a embelezar seus lindos pisantes e as vezes exalantes.
Sua cabeça pode desde algum tempo contar com os mais variados tipos de chapéus, tôcas, capacetes, gel, bandanas, perucas, tônicos e implantes, alem de cirurgias neurais na sua massa cinzenta e ôca.
Essa sua boca escancarada e cheia de dentes, esperando a morte chegar, como diria o inesquecível Raul, tem prótese, implante, canal, flúor, etc. pra mastigar de tudo, pra mascar todo tipo de borracha e outras gomas que “brotam” de suas cordas vocais.
Os olhos que te mostram as cores e outras situações enxergáveis e visíveis a olho nú ou de binóculos, pode contar com lentes, óculos de sol e de lua, colírios, rímel, sombra, pra’s senhoras, pra’s meninas e bibas.
Pra’s pernas inventaram a bicicleta, o balão, o automóvel, os patins, a escada rolante e o elevador, o metrô, e um monte de outras formas de levar sua magnifica personalidade pros lugares mais distantes e eróticos da biosfera.
Até pra votar inventaram um facilitador ou descomplicador de eleitor indeciso e comprado de última hora, a tal da urna eletrônica, que alguns mais otimistas querem até exportar. Dizem que a exportação dessa oitava maravilha da política nacional (as outras sete são: enriquecer ilicitamente, empregar os parentes, não comparecer ao serviço, enganar o eleitor, trocar de partido todo santo dia, fazer lobby contra o contribuinte e aprovar aumento de salário pra si próprio), será a redenção financeira do país, o nosso passaporte sem visto pros EUA, pro primeiro mundo encantado, como diria a Alice aquela do país das maravilhas.
Mas e o pulmão, o seu respirante, o seu fazedor de oxigênio de graça sem taxa do apagão, o que fazer pra protegê-lo, pra preservá-lo, pra tê-lo nas horas de sufoco, na hora que falta o gás?
A primeira idéia que me vem na cabeça é usar uma máscara daquelas que filtram o ar, ou um cilindro daqueles de mergulho, um escafandro, com oxigênio puro, asséptico, limpo. Só que nem todo mundo vai poder ter seu kit eletrônico de oxigênio digital ou analógico, as pessoas ainda nem acabaram de comprar seus DVD’s!
Quem sabe se todos nós procurássemos proteger as reservas florestais, emitíssemos menos poluentes na atmosfera, exigíssemos mais dos fabricantes de automóveis e caminhões, das industrias e governantes, e não tolerássemos qualquer arzinho desses que tem por ai nessa atmosfera pesada que paira sobre a sua cabeça?
Uma greve de respiração não seria uma boa idéia, esconder o ar é meio fictício e nem tem local apropriado, respirar mais depressa que os outros pra ter mais acesso aos gases nobres, fica parecendo coisa de tabela periódica, propagar a emanação dos gases oriundos de fontes intestinais, é covardia, é molecagem, é falta de educação.
A solução está na sua frente a um palmo do seu nariz, é preservar, é manter, é revigorar nossas reservas de oxigênio, nossas matas, nossas árvores enquanto é tempo.
Em Bicas, no centro urbano, temos quatro “matinhas” um pouco ralas, não tão densas, porem ainda resistentes e produtoras do elixir da vida, o O2, também conhecidas como Matinha do Ginásio, Matinha do Sitio da Dona Zezé, Matinha do Sitio da Dona Glória Retto e Matinha do Sitio da Dona Therezinha Barroso.
Esses oásis, fábricas de oxigênio, de vida , precisam ser preservados, precisam de atenção, deveriam ser tombados, adquiridos pela prefeitura ou pelo estado e transformados em patrimônio ecológico da cidade. Em Juiz de Fora a Mata do Krambeck foi tombada, se eu não me engano por um Biquense o Deputado Custódio Matos, pra ser preservada ou considerada área de preservação...Um belo exemplo a ser seguido.
Porém nem tudo são flores nem árvores, as coisas têm preço ou quase tudo e uma área urbana central, bem localizada sofre todo tipo de especulação, com razão, as pessoas precisam se manter, patrimônio não é de comer nem de vestir, gasta-se com impostos, com manutenção, com proteção.
Mais um motivo pra incluir o Parque Florestal da cidade (se não me falha a memória criado pelo então prefeito Amilcar Verlangieri Rebouças), situado nos fundos do parque de exposições, nas prioridades de governo de qualquer prefeito, da comunidade, de toda a sociedade, afinal todo mundo respira e quer continuar respirando principalmente se for oxigênio do bão, como diria o Seu Abreu, aquele da abreugrafia.
As quatro matinhas protegidas e revigoradas e até exploradas “ecoturisticamente”, mais o parque florestal incrementado com trilhas, quiosques e um reservatório na parte mais alta pra servir toda a área e até combater os incêndios criminosos que vêm ocorrendo ultimamente, seria muito bom. Com plantio de mudas de espécies nativas, frutíferas e outras, haverá um retorno de pássaros, outros animais silvestres que praticamente estão a beira da extinção e a produção espontânea de OXIGÊNIO!
Charles Darwin se sentiria feliz ao saber do nosso esforço, da nossa vontade de preservar e manter a qualidade do ar, da vida, e a evolução das espécies.

 
Amilcar é radicalmente contra o corte das árvores da cidade, da Alameda do Cemitério mais bonito da região, da praça São José, da Reta, do Bairro Santana, da Rua 15...

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sacadinha do pum