Essas histórias que conto a seguir, foram psicografadas por Edgar Alan Poe e passadas a limpo por Bário K. Ardek, quando esteve em Londres, nos idos de 1988 e só agora vem a público.
Qualquer semelhança com fatos e pessoas é mera coincidência e podem ser curadas numa próxima eleição, isto é: se o povão de Deus quiser...
Tudo começou numa cidadezinha do interior chamada Arraial dos Curandeiros e ocorreu durante as eleições pra prefeito municipal.
A oposição, capitaneada pelo agro-ruralista Goteira, que já esteve no poder por 20 anos e deitou e rolou de tanto fazer o bem pra ele mesmo, desta vez encarou um osso duro: um tal de professor Ozório!
Logo de cara várias alianças foram combinadas e o Goteira saiu na frente juntando com três ou quatro curandeiros forasteiros de Arraial dos Curandeiros.
Os curandeiros conhecidos como: Dr. Barreira, Dr. Sumido e Dr.Samaritano de Meia Tigela, trouxeram o marqueteiro e intelectual de botequim o Sr. Pincel, pra dar suas famosas pinceladas na campanha.
O povão ficou estupefato de ver como juntou alhos com bugalhos, maracutaias com peruas e açougueiros noturnos com marinheiros de primeira viagem... Um espanto.
Tudo escorria bem até que as pesquisas começaram a apontar que a eleição seria definida no primeiro e único turno, a favor do Ozório e do Zuando do Joca.
Foi um alvoroço na turma da Lei do Gerson: -As pesquisas foram compradas, esse Ozório num fez nada, a prefeitura não deve ninguém porque também não compra, tudo que eles falam é mentira, quem comprou o terreno da TEIA, sem necessidade foi o Goteira, o Dr. Barreira não emitiu cheques próprios desprovido de lastro, o filho do Dr. Sumido foi o melhor secretário da Saúde (também conhecido como Lázaro), o Pincel foi a melhor Eminência Parda que já surgiu em Arraial, etc. etc.
Como a derrota seria inevitável o jeito seria tentar anular o pleito no peito e na raça, contando sempre com a incrível criatividade maligna de Pincel.
Dito e feito: - Se conseguirmos anular as eleições, por causa de manobras proibidas da turma do Ozório, poderemos reverter o quadro, tomar o poder e retroceder o progresso em pelo menos uns quinze anos. Disse o Pincel.
Nestas alturas Lázaro tirou um retrato ao lado de Dr. Sumido e Dr. Barreira causando o maior auê no mundo Bíblico. Vários fiéis procuraram o padre pra saber quem na verdade tinha sido cruxificado ao lado de dois ficha suja: Lázaro ou Jesus?
Bem, voltando ao plano B. Alguém votaria com um título de eleitor de um morto pra depois da eleição poder alegar que houve fraude e assim o Goteira e seus curandeiros, ou Metralhas, poderiam voltar desmandar no município.
O problema era: quem poderia fazer o serviço? Escolheram um personagem famoso da cidade o Sr. Titica e o aconselharam: - Vota direitinho!
Num deu outra. Vitória do Professor Ozório! Festa, foguetório (dizem que o dono dos foguetes tinha grana mas não botou na campanha), passeata, bandeiras, apagou a luz...
No dia seguinte alguém gritou: - A eleição foi anulada! Descobriram que teve morto que votou! O Ozório vai ser impugnado! Prenderam o Caiçara que toma conta do cemitério porque ele deixou o morto votar em outra seção!
Foi tanta pressão que a Juíza resolveu conferir a boataria do Goteira, do Pincel, do advogado das brisas, o Dr. Arbusto, do sobrinho do vice do Ozório e dos Curandeiros (isso é uma virose, dá um aas pra ele...).
Pimba! E não é que tinha um voto de um eleitor morto? O problema é que o Sr. Titica de Galinha só tem tiririca na cabeça! Ele pra votar direitinho, votou no Goteira...
Moral da história: A juíza, muito sábia, homologou o resultado e ainda disse: - Se fossem mais de mil e dezoito votos de gente morta eu anularia a eleição, porém isso somente poderia ocorrer na urna da seção espírita!!!!!
Amílcar acredita que perder é ruim, ficar no muro é pior!
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