segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Funerária

A Funerária



















A maioria das pessoas, cidadãs e cidadãos, têm todos os sentidos apurados e alguns instintos.


O instinto de sobrevivência é público, notório e encontra-se registrado em cartório de boa procedência desde o dia em que começou essa mania de registrar tudo em cartório. Desta forma não preciso falar sobre ele.


Acontece porem, que um outro instinto, o instinto consumista que existe dentro de cada um de vocês, dentro do seu sistema instintivo e nervoso, esse nós precisamos escrever sobre ele.


Vejo todo mundo pensando em roupas, grifes, tecidos, padronagem. Modelos exclusivos até depois do almoço ou da janta, de jeans rasgado com a tesoura do cara da Fórum ou do “Kaiser”, lingerie levanta caboclo adormecido, moribundo. Sapatos caríssimos e extremamente desconfortáveis, óculos de sol, lua, de chuva e neblina, pra vê se você se enxerga, etc.


Inclusive contam que certa vez um rapaz procurou um médico e perguntou: - Dr. Porque que sempre que me olho no espelho me dá uma dor de barriga danada e só pára depois que evacuo? (a historinha foi alterada para não ter que usar palavras do terceiro escalão).


Então o Dr. Olhou meio espantado nos olhos do nosso herói, meio que incrédulo pro atormentado rapaz e matou a charada: -Pare de se olhar no espelho a partir de hoje, porque seu problema é essa sua cara de bactéria estomacal e pra isso não tem remédio...


Pois bem, o consumo, esse instinto que pode te levar a loucura ou a bancarrota, às vezes arma situações na área dos alimentos, num supermercado, numa delicatessem ou nas boas casas do ramo, que na hora de pagar a conta você nota que passou da conta, encheu a cesta de enlatados, importados, engarrafados, pescados e ficou encalacrado!


Nisso seu IC (instinto consumista), vai te consumindo, te comendo todo santo dia e você relaxa. Só que você deveria era sair dessa cadeia alimentar ou cadeia “vestuárica” e olhar outras vitrines e conseqüentemente outras cadeias, tais como: decoração, paisagística, turística e funerária...


Isso mesmo funerária. Afinal quem escolhe sua roupa, sua comida, seu programa predileto de tv aos domingos, sua roupa íntima e seu penteado. Você é uma pessoa ou um saco de batatas?


Todo mundo que ainda está vivo e lendo esse artigo de esclarecimento, deveria já a partir de amanhã procurar uma boa funerária e escolher seu traje fúnebre, seu paletó de madeira, sua cama provisória enquanto é tempo.


Estive pessoalmente em uma loja de caixões e aprendi muita coisa sobre eles, os preços que vão de R$ 150,00 a R$ 5.000,00 e que o tamanho padrão é de 80 x 190 centímetros.


Que quanto maior o defunto mais reforçado precisa ser o ataúde, sendo que se você sair do padrão normal, quer dizer precisar que um alfaiate de urna funerária faça um paletó especial pra sua pessoa, aí meu caro mortal, prepare-se para morrer com as medidas fora de padrão e o preço personalizado.


Na loja que pesquisei o vendedor disse que nunca tinha visto um candidato a morto ir pessoalmente “experimentar” seu pijama de madeira, nunca passou pela sua cabeça que isso poderia alavancar as vendas do seu tão evitado produto, que ele poderia fotografar pessoas famosas, artistas, políticos, nordestinos, clones e até mulher pelada, mulher seminua, mulher de biquini experimentando seu caixão e divulgar tipo: O Dr. Fulano já comprou o seu leito eterno e ainda nem morreu...


O rapaz ficou tão encantado com as novas possibilidades de vendas que me prometeu vários descontos no caixão topo de linha, na Ferrari cemiterial, na king size sepulcral com interfone, bagageiro e cama extra se caso mais alguém quiser te acompanhar, que eu resolvi comprar um bem aristocrático, clássico, todo trabalhado, com alças prateadas e entalhes na madeira,..., pra enterrar de vez por todas esse instinto consumista...










Amilcar prefere jazz!

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sacadinha do pum