As Férias

Chega a época do verão e todo mundo prepara as malas pra sair de férias. As tão merecidas e sonhadas férias.O destino predileto da maioria das pessoas é a praia e nessa batida acabam indo todos para as praias mais próximas, as mais conhecidas ou as praias onde seu dinheiro não afoga na primeira onda...

Nisso essas cidades, privilegiadas com o mar, aumentam de população “n“ vezes tornando a vida dos turistas um pouco mais movimentadas principalmente com os engarrafamentos, as filas na padaria, no caixa eletrônico, no sorvete e até pra arrumar um cantinho na areia sem que ninguém pise na sua toalha, trupique no seu pé ou resolva bater a canga lotada de areia com o vento a favor dele e contra você, é lógico, senão eu não estaria aqui tentando contar essa historinha que todos já sabem o final.

Pois bem, estabelecido o seu território, está na hora de dar uma olhada geral no visual (essa é a melhor parte do negócio), ver pra que bundas, digo bandas anda a moda de praia. Biquínis, maiôs, tangas, shortinhos, etc.

Nessas alturas,quem já foi mordido de cobra quando era pequeno (tô fora), lambuza-se de protetor solar, principalmente nas marcas de escritório que a maioria adquire durante o ano. Os vendedores de tudo (picolé, óculos, empadinha, espetinho, artesanato, bonés, queijo coalho, pipa, mate, salada de frutas, sushi praiano, esfiha, etc), já te manjaram de longe justamente por causa da cor. Aquela cor pálida e as marcas do colarinho e mangas: - Chegou turista novo no pedaço mano. Vamo aproveitar enquanto o mineiro tá com gás...E aí vem a tropa. E você com uma latinha na mão, jornal na outra, dinheiro na sacola, trôco, água de côco, milho verde e caipirosca, empadinha, a cerveja esquentando, tatuagens, tererê no cabelo e o sol rachando. Só mesmo dando uma caída pra tirar “a água do joelho”(gíria que quer dizer dar uma mijada). E lá vai todo mundo...Ainda bem que o mar é salgado e imenso porque ninguém quer nem saber onde fica o mictório.

O primeiro dia é sempre assim: você se distrai vem uma onda mais forte e... caixote e caldo pra deixar de ser bobo. Meio envergonhado você olha pro’s lados e nota a sua insignificância. Ninguém tá nem aí pra ti, brother!

Se o sol tiver ajudando, é dia de tomar todas e ficar na areia até anoitecer, fazer caminhadas, tirar um cochilo e esquecer do dia-a-dia, afinal você está de férias.

Sozinho pode ser mais tranqüilo, porém com a família é sempre muito mais divertido, principalmente se em suas acomodações possuir um ar condicionado, por que depois do banho, a pele, que recebeu calor o dia todo, parece que vai ferver, fica pelando fogo e ventilador de teto, ar condicionado, leque, sopro, tudo quanto é vento é a coisa mais bem vinda desse mundo.

De noite o negócio é ficar na rua, pois sempre sopra uma brisa sudoeste e você naquele bermudão folgado com uma camiseta larga, acaba se acostumando com o bafo da temperatura.

Não deveria ser, porem os pratos mais difíceis de encontrar e também os mais caros são os de frutos do mar. Um peixe honesto com molho de camarão sai muito mais caro do que a picanha do Zé ou do Mané, quer dizer: comprar o peixe lá no mercadinho, prepara-lo, etc. Você vai acabar botando a patroa atrás do fogão e ela também tá fugindo desses afazeres...

Então tá! Um dia vai de xburguer, outro dia pizza, uma saladinha a quilo, um self sevice, uma peixada meio malhada (dica: quem vai pra Cabo Frio experimente jantar um dia num dos restaurantes de Arraial do Cabo, aí sim se come frutos do mar com justiça), um pão com lingüiça e vai levando que o mais importante você já fez: é estar naquele lugar, com aquele açudão na sua frente e mais um monte de coisa boa pra olhar pelo menos. E sem pagar nada...

Tem uns mais atirados que cismam em praticar esportes marinhos, porém pra quem não é nativo fica melhor estar de longe observando e aprendendo antes de dar vexame.

Uma das coisas que podem te deixar meio estressado na praia é começar a encontrar com muita gente conhecida, pessoas da mesma rua, vizinhos não muito sociáveis, colegas do trabalho, etc., e cruzar com esse pessoal todo, todo santo dia, na praia, na padaria, no sorvete, no posto de gasolina, no supermercado...Né fácil não cumpadi!

Liga não, são pelo menos duas semanas e você tem que relaxar, finja que não viu, mude de barraca, altere seus horários e com um pouco de sorte ninguém conhecido vai aparecer na sua frente pra observar seus costumes, sua silhueta ou mesmo sua posição financeira, tipo: -Vamo vê até onde esse caboquinho güenta!

Bem tá na hora de voltar. É bom sair cedinho pra não engarrafar. Nunca saia no término exato da quinzena. Um dia antes ou um depois, pois o trânsito fica lento e insuportável no verão.

Pena que passou tão rápido. O bronze ficou chique, porem já começa a “brotoejar”, mais vai dar pra curtir com os amigos pelo menos uma semana antes de descascar e chegar no escritório com aquele sorriso cansado de praia e a cabeça nas nuvens, rejuvenescido e pronto pra esperar...as próximas férias!!!

Amilcar está precisando de férias!