sábado, 2 de janeiro de 2010

Nos tempos do Chico Peres...

Já se passaram muitos anos, já se passaram 40 anos e eu ainda me lembro muito do Ginásio Francisco Peres.

Quando terminei o primário (na minha época era primário, ginásio, cientifico e faculdade) e ingressei no ginasial, foi um salto e tanto na maneira de aprender, visto que no primário era uma professora pra todas as matérias e no ginasial cada uma tinha seu titular.

Bicas não tinha o ginasial público e muita gente boa não pode continuar os estudos, pois as opções eram: ou juiz de Fora ou o Ginásio Francisco Peres, nesse caso, colégio particular.

Lembro-me que a BR267 estava pra ser inaugurada e vários amigos foram pra Juiz de Fora, como o Alberto Renault Adib, hoje em Brasília comandando uma das áreas do INCRA, inclusive estivemos juntos num assentamento no interior do Rio Grande do Norte.

Bem, quanto ao Chico Peres, me disseram, foi criado por alguns intelectuais biquenses numa mesa de bar, entre eles o professor Ralph Grunewald (grande figura, sempre elegante), que diariamente dava uma passada na Sapataria Zélia e conversava política de Bicas e região com meu pai e outros que lá “faziam ponto” (Franklin Alves, Pedro Porto, Luiz Borges, Salim e outros). Tenho guardado comigo o jogo de damas que por muito tempo foi o passatempo predileto de meu pai, enquanto não tinha freguês na loja...

Tudo bem só que quando fui lá estudar os tempos eram outros e o Ginásio vivia seu melhor momento, já que existiam duas ou três turmas de cada série, e a noite funcionava o curso de contabilidade onde muita gente boa saiu empregado e até hoje vive do aprendizado daquela época. Lembro-me do Grêmio Recreativo Catulo da Paixão Cearense.

O curso Normal também foi inaugurado ou fundado naqueles idos de 67 ou 68 e a Professora Maria Baião foi uma das principais articuladoras daquele curso, que caiu como uma luva pra nova sociedade biquense, já que a cidade começava a ter que se acostumar a sobreviver sem a RFFSA.

O medo de todo mundo, que vinha do primário para o ginasial, era a turma de veteranos, que impunham certas regras pra galera que estava para chegar...Lembro-me do Paulo Boi, do Geovane Rocha, Paulo Hadad e outros lideres dos chamados veteranos.

Nossa turma também não estava pra brincadeira e chegamos com tudo sem medo de encarar as “leis” dos veteranos e logo estávamos todos entrosados.

Nossa turma foi engrossada pela moçada que vinha de Rochedo, Guarará e Maripá, acho que tinha gente de Pequeri também, porem minha memória falha e eram 2 turmas pra cada série.

Logo me inturmei com todos e rapidamente conheci os cantos, passagens secretas (pela matinha e por um muro de placa fácil de arrastar e voltar), locais pra “matar aula sem ser visto”, local pra entrar depois do horário (via casa do “Seu Luiz zelador”), saber o que “ia cair” na prova (pesquisa no lixo da secretaria), ficar escondido na sala dos professores (pra ouvir as novidades), esquema da cola no banheiro (alguém fingia dor de barriga e passava a prova pra alguém de fora resolver, depois outro pedia pra ir ao banheiro e trazia a prova resolvida), do ginásio que eu achava belíssimo, bem dividido com uma área de recreação imensa (campo de futebol, quadra, a matinha maravilhosa ao fundo, salão nobre, etc.)

Os tempos eram outros e os investimentos no ginásio foram muitos tais como o anexo com mais 3 ou 4 salas, a cantina da Dª Orsita (mãe do Zé Bráulio), onde a gente pendurava o lanche com grapette e crush...os salgadinhos eram divinos...

A turma era grande e não dá pra lembrar de todos, porem os mais saídos ou que estavam em todas, a gente sempre lembra e alguns são amigos até hoje, outros já se foram...o último ano foi maravilhoso e pra comemorar nossa “formatura” fomos pra Guarapari onde passamos um ótimo fim de semana...lembro-me da Elaine Vidon, do José Gabriel (Cacai de Guarará), do Rui Jardim, do Tim da Dª Vênus, Dorinha Rebouças, Beth (da Iêda) irmã do Miltinho, Zé Farhat, Maria José Brasil (Girl), João Bradisco, Tânia Alhadas, Denise Durão, Márcio (Marcha Lenta), José Maria Oliveira Souza (ua, ua, distorção uaua) que revi há poucos dias e pena em pouco tempo, lembro do Luiz Sergio (abacatinho é a mãe), Mauricio Caburé, Saíra (falecido) e muitos outros que me perdoem não consigo lembrar agora, porem quem ficou de fora que mande uma foto nossa pra ser publicada nos 40 anos atrás...

Tinha a turma da educação física comandada pelo Profº Edgard Arezo e Profº Prudente e tinha também a salinha do castigo, onde o aluno que transgredia os preceitos e conceitos, era colocado pra repensar seus atos e/ou com punições mais severas. Nesta salinha o aluno era obrigado a ler algum livro e/ou ainda ficar alem do tempo depois das aulas, no recreio, etc. sempre sob o olhar atento do Profº Nelson Ramos.

Dos professores só tenho boas lembranças, já que nunca fui um aluno convencional ou excepcional, daqueles que ficam quietos escutando, aprendendo e não atrapalhando os outros nem as aulas. Lembro-me do Profº. Cláudio Penchel e seu cigarro com a cinza que não caia até o ultimo trago...do Profº. Vicente Rossi o primeiro que me deu 10 em Ciências, da Profª Dª Beatriz e seu Canto Orfeônico onde aprendemos a cantar vários hinos (hoje aula de canto não existe)...Do Profº. Ivo Cristhie (com seu sotaque carregado), do Profº. Geraldo Felipe e sua regra de sinal, da Profª.Leila Vidon (que despertava paixões), da Profª. Neusália Ramos que só conseguia prosseguir se brincasse de mandrake comigo, da Profª de Desenho Dª Miriam Gianini, da Profª de história Maria do Carmo, da Profª Aparecida Alves e a organização política e social do Brasil, da incansável Profª Elaine Godinho, que me ensinou análise sintática e as concordâncias, da Profª Dª Lílian Grunewald, que ensinava Francês e eu guardei pra sempre uma poesia cuja pronuncia era mais ou menos assim:

Bebê lê trabian sa lecion!

Qui foti lui donet?

Uma Balle um Bombom?

-Non dite bebê!

Un beiser de mère,

Ce será mien il recompense!





Amilcar não tinha dor de barriga!

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sacadinha do pum